por Elaine Paganatto


 


Ela passou por um posto de gasolina, porém não foi exatamente para abastecer o seu carro, mas, sim, para promover um produto da família dos óleos lubrificantes que surgia no mercado. A menina bonita, ainda em meio à adolescência, foi selecionada para fazer o lançamento em postos, cujo trabalho consistia na abordagem dos consumidores para oferecer a novidade. Mas o dono do estabelecimento, aproveitando a oportunidade, pediu que ela também abastecesse os veículos que passassem por lá. Sem experiência e agilidade necessárias, foi chamada a atenção e imediatamente zangou-se. “Eu não estava ali como frentista, mas para fazer o lançamento do produto. O patrão foi rude comigo. Fui embora e nunca voltei para pegar o meu dinheiro”.


A passagem é contada por Sheila Mello, ex-dançarina do grupo É o Tchan. Na verdade, ela não chegou a ser frentista, mas poderia ter sido, pois simpatia, educação e delicadeza ao se dirigir às pessoas não lhe faltam. Com esses requisitos, se fosse avaliada no item atendimento tiraria nota 10 com louvor!


Essa fase da vida, que aconteceu há muito tempo, ficou no fundo da memória. Depois disso, Sheila navegou por outros mares. Da infância pobre em Cidade Ademar, uma das regiões mais carentes e violentas da capital paulista, a menina deu um salto na vida ao entrar para o grupo de axé music. Daí para a fama foram poucos meses e em tempo recorde ela conseguia conquistar coisas antes tão sonhadas e tão distantes da realidade em que vivia.


“A miséria não me roubou a felicidade”


Apesar do dinheiro, do reconhecimento público e de ser alçada à categoria das mulheres brasileiras mais bonitas, Sheila Mello não mudou sua maneira de ser. Durante a entrevista, ela ainda se emocionava ao se referir à família – lembrando sempre da mãe como uma figura forte e encantadora –, ao bairro onde morou, às brincadeiras na rua com os irmãos até tarde da noite, enfim, tudo que lhe serviu de base para tornar-se o ser humano que é.


“Tive uma infância muito pobre, mas a miséria não me roubou a felicidade. Apesar das dificuldades, estávamos todos sempre juntos. A minha família é o meu pilar. Foi essa referência que me fez entender o sucesso e a manter os pés no chão quando minha vida mudou e passei a viver como Cinderela”, observa. 


Hoje, a garota que fez dança desde os quatro anos de idade numa academia em que a mãe trabalhava como secretária – o que lhe permitia freqüentar o curso gratuitamente – não faz mais parte do grupo que a lançou, mas recebe milhares de convites diariamente para fazer uma porção de coisas completamente diferentes daquelas para as quais foi preparada.


“Já me convidaram para ser ve­readora, cantora de banda de forró etc. Sei que virei um produto. Mas somente aceito fazer o que acredito que me acrescentará algo”. Sheila destaca o teatro, em que vem atuando em algumas peças, como uma proposta que valeu a pena.


Ela está terminando o curso de Artes Cênicas e ainda não sabe se essa será a sua futura carreira. “Nunca tive pretensão de ser atriz, mas achei que era uma oportunidade interessante quando fui convidada. Após ingressar no curso, me apaixonei pelo teatro, mas preciso de tempo para avaliar esse universo”, explica. Questionada sobre qual é a lição tirada de tudo o que viveu nesses últimos anos, quando saiu da Cidade Ademar direto para o mundo, Sheila avalia em objetivas palavras:“o mais legal dessa história é que tive oportunidade de conhecer muitos ambientes, vários ‘mundos’ e perceber que continuo a mesma pessoa. O que me faz realmente feliz são as coisas simples da vida”.   



 


Making of no site


Não deixe de conferir o making of do ensaio fotográfico com a Sheila Mello.


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