por Cristiane Collich Sampaio


 


      Com 2,05 m de altura, agilidade, criatividade e perseverança, Oscar Schmidt, o Mão Santa, conquistou admiradores por todo o mundo e o respeito de astros da liga norte-americana de basquete profissional (NBA), como Magic Johnson e Kobe Bryant.


O potiguar, nascido em fevereiro de 1958, estreou na quadra aos 13 anos, no Unidade Vizinhança, de Brasília (DF), cidade onde foi morar com a família – o pai Oswaldo, farmacêutico da Marinha, a mãe Janira e os irmãos Luiz Felipe e Emanuel Tadeu.


Em 2002, como um dos raríssimos atletas a disputar cinco Olimpíadas, deixou a seleção brasileira. Dois anos mais tarde, aos 45 anos, após de ter jogado em diversos clubes brasileiros e italianos e reunido um sem-número de cestas, recordes e vitórias, abandonou definitivamente as quadras para se dedicar à família – a esposa Cristina, sua grande companheira, a filha Stephanie, de 16 anos, e o filho Felipe, de 20, também jogador de basquete – e a novas atividades.


Atualmente leva adiante a Nossa Liga de Basquete (NLB), organiza clínicas de esportes para crianças e adolescentes e apresenta palestras motivacionais.


Nesta entrevista, conheça um pouco mais sobre este esportista brasileiro reconhecido interna­cionalmente, sua história e suas opiniões.


P.O. – Teve de fazer sacrifícios em prol da carreira? A recompensa foi gratificante?


Oscar – Um monte de sacrifícios, pois não tinha tempo para a família, férias (as primeiras que tirei foram aos 35 anos), diversão com amigos, viagens. Recusei convites para jogar na NBA, que é a liga de basquete profissional dos Estados Unidos, pois teria de deixar de jogar pela seleção brasileira. Mas valeu a pena. Faria tudo de novo.


P.O. – O que levou você a se dedicar de corpo e alma ao esporte?


Oscar – Queria ser o melhor de todos. Não consegui, mas me superei todos os dias e cheguei no meu limite, o que me deixa muito feliz e realizado. Não dava para fazer mais.


P.O. – Quem o apelidou de Mão Santa?


Oscar – O Juarez Araújo, da Gazeta, e o Álvaro José, da Band. Foi no começo dos anos 80.


P.O. – Poderia citar os momentos mais marcantes de sua trajetória?


Oscar – O mundial de clubes com o Sírio, em 79; o Pan-americano de 87, com a seleção; minha despedida da seleção e jogar com meu filho no Flamengo, pouco antes de abandonar as quadras.


P.O. – Quais pessoas tiveram um papel determinante em sua vida?


Oscar – Meu tio Alonso e meu pai, que me incentivaram a jogar; Zezão e Miúra, meus primeiros treinadores, que me fizeram gostar de basquete; Dr. João Marinho, que tomou conta de mim em São Paulo; Cláudio Mortari, que me ensinou a jogar basquete de verdade; Ari Vidal, que acreditou em mim e me deu chance na seleção; minha esposa Cris, que me deu suporte em todos os momentos.


P.O. – Poderia comentar o que o levou a se candida­tar ao Senado em 1998?


Oscar – Queria ser presidente do Brasil, um sonho de menino patriota.  Não gostei da experiência: foi o período em que mais briguei com minha mulher, que não tinha tempo para mim e para minha família, além do que a luta pelo poder é muito des­gastante.


P.O. – O que é a NLB e que tipo de atividades promove?


Oscar – Foi criada em 2005. Ela é uma liga independente, um movimento de protesto contra a Confederação Brasileira de Basquete (CBB), devido aos maus caminhos em que ela colocou a modalidade. Os veteranos Hor­tên­cia, Paula e Mar­cel, entre outros, também integram a NLB que vem mostrando que é possível fazer algo de bom quando se é comprometido pra valer: fizemos dois campeonatos nacionais no ano passado e neste ano, por enquanto, estamos fazendo o feminino.


P.O. – Como surgiu a idéia de apresentar palestras motiva­cio­nais?


Oscar – Surgiu como um hobby, 11 anos atrás. Mas foi bom, porque fui treinando e hoje sou profissional. Estou me preparando para ser um dos melhores.


P.O. – Quais seus projetos e sonhos?


Oscar – Meu projeto de vida é ver e ajudar meus filhos a crescerem bem, estudando, se formando e se encaminhando para  a vida.


P.O. – Gostaria de fazer algum comentário sobre o Pan-Americano do Rio?


Oscar – Infelizmente para as Américas, o Pan não é mais uma grande competição. Os Estados Unidos não mandam mais equipes boas e outras seleções, como a Argentina, copiaram seu exemplo.


P.O. – Você é cliente de um posto? Qual?


Oscar – Sim. Um posto Petrobras, em Alphaville (SP). Procuro abastecer sempre no nosso e, se não consigo por algum motivo, procuro o da Shell, em Alphaville também. Ao escolher, sempre valorizo limpeza, atendimento, bandeira.


collich@postonet.com.br


Alguns Números


Oscar acumulou 49 vitórias em diferentes campeonatos ao longo de sua trajetória no Brasil e na Itália. Foram 7 693 pontos marcados em 326 jogos pela seleção brasileira, durante 20 anos de participação, em que jogou em cinco Olimpíadas, totalizando 1 093 pontos, e foi o cestinha da competição em três delas, além de deter mais de 10 recordes olímpicos.


Na carreira somou 49 737 pontos marcados em 1 615 jogos. Veja algumas de suas principais conquistas: Campeão da:  Copa Itália – 1 vez; Brasileiro – 9 vezes; Sul-Americano – 7 vezes; da Copa América –  2 vezes; Pan-Americano – 2 vezes e Mundial – 1 vez.


 


Curiosidades


•     O sonho de Oscar Schmidt era ser engenheiro eletrônico pelo ITA.


•     No início da carreira, enquanto treinava e participava de competições, trabalhou como contato publicitário e vendedor de motos Honda.


•     Só entrava em campo com o pé direito e trocava de tênis somente após uma derrota, nunca após uma vitória.


•     Sempre rezava antes das partidas e não gostava de dar entrevistas antes dos jogos, pois sentia que lhe roubavam energia.


•     Filatelia, pesca e futebol são seus hobbies preferidos.