por Cristiane Collich Sampaio e Denise de Almeida


 



Estamos no início de mais um ano par, fato que, para os adeptos do esporte, tem um sabor especial: ou é ano de Copa do Mundo de Futebol ou é ano de Olimpíadas. No caso de 2008, não é segredo para ninguém, os olhos do mundo dos desportos já começam a se voltar para Pequim, na China, onde, em agosto, ocorrerá a XXIX edição dos Jogos Olímpicos da Era Moderna.


Mas não são apenas os atletas e seus treinadores que se organizam para a competição. Empresas que descobriram no marketing de patrocínio esportivo mais um filão para aumentar a visibilidade de suas marcas também se preparam para receber os louros da vitória e seu quinhão em ouro.


Nas últimas Olimpíadas, em Atenas, em 2004, também em função da crescente onda de patrocínios, o esporte brasileiro registrou recorde de medalhas de ouro em uma única edição dos jogos, além de uma evolução qualitativa em relação às participações anteriores, conforme atesta o Comitê Olímpico Brasileiro (COB). No total foram 10 medalhas, sendo cinco de ouro, duas de prata e três de bronze. O recorde anterior fora obtido em Atlanta-96, quando o país conquistou três medalhas de ouro. Pela primeira vez, o país terminou os jogos entre os 20 primeiros do quadro de medalhas, ficou em 16º lugar. Um avanço!


No final do ano passado, o COB apresentou ao Ministério do Esporte um projeto para a utilização de recursos da Lei de Incentivos Fiscais ao Esporte para auxiliar a preparação da delegação brasileira que disputará os Jogos Olímpicos de Pequim. O projeto prevê a realização de 29 ações, que contemplarão 27 modalidades – já classificadas ou com chances de classificação – de 23 confederações, além do próprio COB, e a utilização de R$ 27 milhões.
Essa lei de incentivos fiscais havia sido sancionada pelo presidente da República no final de 2006 e foi acompanhada de medida provisória que limitou a 1% do imposto de renda das empresas a aplicação no incentivo de esportes. Esse foi um elemento a mais para atrair potenciais investidores.


                                                                                         


Apostando no esporte


"O aumento da concorrência na disputa do mercado consumidor têm obrigado as empresas de diversos segmentos a estabelecerem novas ferramentas para atrair e chamar a atenção de seus consumidores. O marketing de patrocínio esportivo é uma delas. Além de investir em mídia de massa, as empresas apostam no esporte como um caminho para consolidar suas marcas", explica Paloma Zimmer, analista de pesquisa da Market Analysis, instituto de pesquisa de mercado que está conduzindo um projeto que avalia o impacto que o patrocínio gera na imagem empresarial.


A notícia, contudo, não é novidade para algumas de nossas empresas estatais – leia-se aí, Petrobras, Eletrobras, Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil e Correios – que já há alguns anos destinam parte de suas verbas à promoção do esporte no Brasil.


Afinal, quem é que, hoje em dia, já não associa o vôlei brasileiro à marca do Banco do Brasil (BB)? Pois saiba que – obviamente sem tirar o esforço e capacidade dos nossos super atletas – o voleibol brasileiro chegou aonde está, desfrutando a cobiçada condição de destaque internacional, graças também aos investimentos feitos pelo BB ao longo dos últimos anos junto ao Comitê Brasileiro de Voleibol. (CCS/DA)


 


BB no vôlei e em outras modalidades


Em 1991, o BB deu início a sua atuação ao esporte brasileiro, patrocinando o vôlei. Nesses quase 17 anos, os resultados das equipes mostraram a importância dessa parceria, como os títulos olímpicos obtidos em 1992 e 2004, os mundiais de 2002 e 2006, o hexacampeonato masculino da Liga Mundial e o hexacampeonato feminino do Grand Prix, só para citar alguns.


Também no vôlei de praia o desenvolvimento do Brasil foi expressivo, com as equipes acumulando vitórias ano a ano e tornando-se referências mundiais na modalidade.


Atualmente o Circuito Banco do Brasil de Vôlei de Praia, iniciado em 91, é o maior torneio nacional da modalidade no mundo, colocando os atletas brasileiros em evidência. Doze títulos do Circuito Mundial e cinco medalhas olímpicas foram para as mãos das meninas. No masculino, 12 títulos do Circuito Mundial e duas medalhas olímpicas. Em Atenas, as duplas patrocinadas pelo BB Adriana Behar e Shelda, Ricardo e Emanuel conquistaram as medalhas de prata e ouro, respectivamente.


Mas, além do vôlei, onde sua marca é mais conhecida, o BB também está presente na vela, no tênis e, mais recentemente no futebol de salão (futsal).


Robert Scheidt, octacampeão mundial da classe Laser de vela, leva o apoio do banco. Em seu portfólio há ainda duas medalhas olímpicas de ouro, conquistadas em Atlanta e Atenas, além de uma e prata, obtida em Sydney, entre inúmeras outras vitórias.


A estatal também tem participação no tênis, como principal patrocinador do Brasil Open, um dos maiores eventos latino-americanos desse esporte.


No início do ano passado, ampliando e diversificando ainda mais sua atuação no campo do desporto, o BB fechou contrato de patrocínio com o futsal brasileiro, que estreou nos Jogos Pan-Americanos de 2007. A modalidade, talvez a mais praticada nas escolas públicas do país, já contava com aporte financeiro dos Correios. A verba será utilizada para impulsionar as atividades das seleções principais adultas, masculina e feminina, assim como no desenvolvimento de novos talentos que hoje atuam nas categorias de sub-16 a sub-20.


Esse esporte ainda não é olímpico mas as perspectivas são de que, com a parceria, siga o caminho do vôlei de praia, que conseguiu chegar a essa posição.


Ao todo, o projeto de marketing esportivo do BB é de cerca de R$ 50 milhões anuais. (CCS)


 


Os Correios nas piscinas e quadras  (Título)


Desde 1991, as equipes brasileiras de esportes aquáticos, contam com o patrocínio dos Correios. A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), que reúne cinco modalidades olímpicas (natação, natação sincronizada, pólo aquático, saltos ornamentais e maratona aquática), vai receber quase R$ 10 milhões, entre os anos de 2007 e 2008, para promover os esportes que congrega.


Esta parceria de sucesso, segundo a CBDA, deu as condições necessárias para que a entidade trabalhasse na massificação de suas modalidades e conquistasse muitas medalhas em mundiais, jogos pan-americanos e olimpíadas. Nesse sentido, as cinco modalidades aquáticas detêm hoje a hegemonia no continente latino-americano e seguem lutando para manter seu lugar entre as potências mundiais, graças ao suporte de empresas como a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.


Para os Correios, o investimento é institucional. “Esperamos que a empresa seja reconhecida pela excelência e inovação na prestação dos serviços postais e pela viabilização do desenvolvimento e do fortalecimento do esporte em âmbito nacional”, diz Rita Maria Piagentini, chefe do departamento de comunicação estratégica, que faz a gestão dos patrocínios.


Para ela, “a identidade de valores intrínsecos na empresa e nas modalidades, como agilidade, brasilidade, espírito de equipe, força, ousadia”, foram os pontos principais para que a empresa optasse pelo patrocínio dos atletas das piscinas, assinando um contrato com a CBDA de cinco anos, renovável por mais cinco.


Ao lado do BB, os Correios ainda desembolsam R$ 8 milhões, entre 2007 e 2008, para a equipe de futsal (modalidade que não está presente nos Jogos Olímpicos de Pequim. (veja relação das modalidades no box Mais sobre as Olimpíadas.) (DA)


 


A Caixa e o atletismo


Como patrocinadora oficial do atletismo brasileiro, a Caixa Econômica Federal descobre talentos, forma atletas e ajuda a lançar novos campeões no Brasil e no mundo. Com seu aporte, a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) recebeu em 2005 R$ 7 milhões em investimentos, montante que garantiu a participação das seleções brasileiras em mais de 30 competições nacionais e internacionais e em outros 15 eventos da Caixa, presentes no calendário desportivo nacional.


Também com o propósito de promover o desenvolvimento e a inclusão social, além da CBAt, a instituição patrocina ainda o Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB) e, mais recentemente, iniciou seu apoio à Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e a Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA), visando a implantação de programas e ações de longo prazo para o desenvolvimento dos esportes. (DA)


 


Petrobras e o handebol


A Petrobras, maior empresa brasileira no ramo de energia e uma das maiores do mundo, também patrocina diversos projetos esportivos. Em 2003 a empresa passou a apoiar a Confederação Brasileira de Handebol (CBH), levando as equipes masculina e feminina a conquistar, no ano passado, pela primeira vez na história, o bicampeonato nos Jogos Pan-americanos, no Rio de Janeiro. O único esporte coletivo brasileiro, segundo Ricardo Souza, da gerência de marketing esportivo da Petrobras, com 100% de aproveitamento. A vitória, aliás, já garantiu o passaporte das duas equipes para Pequim.


Mas por que o handebol? “Era um esporte com pouca visibilidade, super carente de patrocínio e que precisava crescer”, explica Ricardo. Ele afirma que o objetivo maior da Petrobras é transformar a modalidade numa potência olímpica, aproximando as equipes brasileiras das grandes referências desse esporte, como a Alemanha, Croácia e Rússia, “Já alcançamos essa marca nas Américas, agora estamos rumando para a Europa”, diz.


Além da visibilidade da marca, a Petrobras quer contribuir para o crescimento do esporte, por isso investe não só no time profissional, mas também em outras categorias.


“O handebol é o esporte mais praticado nas escolas públicas e possui grande potencial de desenvolvimento”, garante Ricardo, destacando, inclusive, o projeto social mini-hand, direcionado para crianças de comunidades carentes, devidamente matriculadas na escola.


É a CBH que direciona o investimento feito pela Petrobras, cujo montante este ano deve ficar em torno de R$ 2,5 milhões, já incluindo o aporte extra para bancar as Olimpíadas. (DA)


 


A cesta da Eletrobras


Também em 2003 a Eletrobras começou a patrocinar a seleção feminina de basquete. Em dezembro do ano seguinte sua ação se estendeu para a seleção masculina. Neste último caso, o contrato inicial previa aporte anual de R$ 3 milhões, renovável até 2008.


Em 2007, a conquista do tricampeonato pan-americano masculino foi uma marca histórica, coroando um trabalho que só foi possível com as verbas de patrocínio. Porém o técnico Lula Ferreira não perde de vista a Olimpíada de Pequim. O basquete masculino brasileiro foi excluído das últimas duas olimpíadas e sua vaga na próxima ainda está por ser definida.


Os três últimos participantes do masculino sairão do Torneio Pré-Olímpico Mundial. Além do Brasil, também Camarões, Canadá, Cabo Verde, Croácia, Alemanha, Grécia, Coréia do Sul, Líbano, Nova Zelândia, Porto Rico e Eslovênia estarão na disputa.


Também no basquete feminino, o Brasil ainda precisa conquistar seu lugar para participar dos jogos olímpicos. Como no masculino, as cinco últimas vagas do feminino serão definidas no Torneio Pré-Olímpico Mundial. Dessa fase eliminatória deverão participar as seleções do Brasil, Angola, Argentina, Belarus, Taiwan, Cuba, República Tcheca, Fiji, Japão, Letônia, Senegal e Espanha.


A disputa pelas vagas será acirrada, já que são 12 candidatas, com nível técnico muito próximo, para, respectivamente,  três vagas no masculino e cinco no no feminino.(CCS)


 


 



Mais sobre as Olimpíadas


 


ü      No dia 7 de setembro de 2007, o Rio de Janeiro apresentou oficialmente ao Comitê Olímpico Internacional a sua postulação para organizar os Jogos Olímpicos de 2016. O Rio disputa a indicação com outras seis cidades: Baku (Azerbaijão), Chicago (Estados Unidos), Doha (Qatar), Madri (Espanha), Praga (República Tcheca) e Tóquio (Japão). A sede dos jogos será anunciada em 2 de outubro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca.


 


ü      A fim de evitar o gigantismo dos Jogos Olímpicos, o que poderia tornar inviável sua organização, o Comitê Olímpico Internacional vem limitando o número de participantes nesta competição. Em Atenas, em 2004, por exemplo, a entidade estabeleceu um número máximo de 10 500 atletas. Assim, para a inclusão de um esporte, modalidade ou prova a ser disputado, este deve substituir outro.


 


ü      Atualmente, integram o programa dos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 as seguintes modalidades: Atletismo, Beisebol, Badminton, Basquete, Boxe, Canoagem (slalom e velocidade), Ciclismo (estrada, mountain bike, pista e BMX), Esgrima, Futebol, Ginástica (artística, rítmica desportiva e trampolim acrobático), Handebol, Hipismo (adestramento, concurso completo de equitação e saltos), Hóquei na Grama, Judô, Levantamento de Peso, Lutas (livre e greco-romana), Maratona Aquática, Natação, Nado Sincronizado, Pentatlo Moderno, Pólo Aquático, Remo, Saltos Ornamentais, Softbol, Taekwondo, Tênis, Tênis de Mesa, Tiro, Tiro com Arco, Triatlo, Vela, Vôlei e Vôlei de Praia.


 


ü      No fechamento desta edição, a delegação brasileira contava com 146 atletas de 18 modalidades garantidos nos Jogos Olímpicos 2008, com representantes classificados no taekwondo, ciclismo estrada, futebol (masculino), ginástica artística, ginástica rítmica, handebol (masculino e feminino), hipismo (adestramento, CCE e saltos), judô, natação, saltos ornamentais (masculino), pentatlo moderno (feminino), remo, tiro com arco, tiro esportivo, vela e vôlei (masculino e feminino). (DA)


 


 



Curiosidades Olímpicas


 


ü      Um dos mais conhecidos símbolos dos Jogos Olímpicos – os aros nas cores azul, amarelo, preto, verde e vermelho, interligados sobre um fundo branco – representa a união dos cinco continentes e pelo menos uma de suas seis cores, incluída a branca, está presente na bandeira de cada um dos países filiados ao Comitê Olímpico Internacional. É sua principal representação gráfica.


 


ü      Os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna aconteceram em Atenas (Grécia), no ano de 1896, dois anos depois da criação do Comitê Olímpico Internacional (COI). O Brasil só começou a participar dos jogos em 1920, atendendo a um convite do comitê. Naquela época, o país não tinha ainda um comitê nacional em atividade, pois o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), fundado em 1914, não chegou a funcionar desde seu início devido à Primeira Guerra Mundial.


 


ü      Entre os esportes que já foram olímpicos, o cabo-de-guerra foi uma das modalidades que fez parte dos jogos de 1900 a 1920. O golfe também, em 1900 e 1904, assim como o rúgbi, modalidade que integrou das Olimpíadas em 1900, 1908, 1920 e 1924. (DA)