por Márcia Alves


 


Atualmente, o índice de não-conformidade da gasolina em São Paulo está por volta de 3%. Este pode não ser, ainda, o resultado ideal, mas representa um grande avanço para o mercado paulista de combustíveis. Basta lembrar que há quatro anos o percentual era de 11%. Esse resultado custou muito trabalho e empenho das autoridades governamentais e do Sincopetro. Nesse período, a entidade denunciou irregularidades, cobrou ações do governo e elaborou propostas, colaborando decisivamente no combate à adulteração de combustíveis. Graças a esse esforço conjunto, hoje, São Paulo tem leis para cassar a inscrição estadual, para dar destinação aos produtos apreendidos, multar severamente adulteradores e para tributar o solvente.


 


Para resgatar o equilíbrio do mercado paulista de combustíveis e permitir que revendedores honestos voltassem a sobreviver dignamente do seu negócio, o Sincopetro participou ativamente de todas as iniciativas dos governos estadual e municipal contra a máfia dos combustíveis. Um dos pleitos da entidade, a redução da alíquota de ICMS do álcool hidratado de 25% para 12%, foi implementada pelo governo paulista em 2003. Em 2004, uma iniciativa inédita e pioneira do sindicato paulista levou às ruas de São Paulo a Campanha de Moralização pela Qualidade dos Combustíveis, em parceria com a Rádio Bandeirantes AM. O teste da qualidade dos combustíveis nos tanques dos veículos, cuja campanha está, atualmente, em sua terceira fase, chamou a atenção das autoridades para o grave problema da adulteração. O resultado é que, mediante as ações de combate, em quatro anos os testes registraram uma queda nos índices de não-conformidade de 20% para cerca de 10%.


 


Uma proposta do Sincopetro para reduzir a sonegação sobre o álcool foi prontamente aceita pela Secretaria da Fazenda paulista, com a implantação, em 2005, do Sistema de Controle do Diferimento do Imposto nas Operações (Codif), que estabeleceu o controle fiscal sobre o combustível no produtor. Nesse período, o Sincopetro também teve participação significativa junto ao governo do estado na aprovação da lei que possibilitou cassar a inscrição estadual de postos flagrados com combustíveis adulterados. Por conta disso, desde 2004, cerca de 518 postos foram fechados em todo o estado.


 


Junto à prefeitura de São Paulo, o apoio da entidade foi decisivo para endurecer as sanções contra os postos adulteradores, culminando com a lacração e interdição de diversos estabelecimentos irregulares. Mais recentemente, o Sincopetro assumiu a tarefa de tornar o exemplo de São Paulo uma referência para outros estados, por meio da edição e distribuição da cartilha Combate às fraudes no setor de combustíveis, com todos os instrumentos jurídicos utilizados pelas autoridades governamentais. Num balanço dessa atuação, o presidente da entidade, José Alberto Paiva Gouveia, diz que “valeu a pena”. A seu ver, os objetivos foram alcançados e, por isso, agora, diz que sua sensação é a do dever cumprido.


 


 



AS AÇÕES DO SINCOPETRO NA LINHA DO TEMPO


Nos últimos quatro anos, o sindicato paulista da revenda empreendeu inúmeras ações para regularizar o mercado de combustíveis, todas retratadas pela revista Posto de Observação. Outros veículos do mercado também divulgaram os mesmos fatos, mas nem todos o fizeram de forma isenta, fornecendo os devidos créditos àqueles que, de fato, trabalharam por isso. No quadro abaixo, um registro resumido das ações mais importantes do Sincopetro pela moralização do setor.





 


2003


ü      Em dezembro, o governo do estado decidiu reduzir a alíquota de ICMS do álcool hidratado de 25% para 12%, de forma a inibir a sonegação do imposto. Deste ato, que é considerado o marco inicial da luta pelo saneamento do mercado, o Sincopetro também participou.


 


2004


ü      Em janeiro, a edição 273 da revista Posto de Observação trouxe o desabafo do líder da revenda paulista, cobrando uma ação do governo contra a adulteração de combustíveis, que naquela época atingia 11,8%. Na seção Debate, o título do artigo dava o tom da cobrança: “Há algo errado. Todos sabem. Ninguém faz nada”. Na edição seguinte, sua crítica se dirigia à falta de atuação da ANP. “Algo tem de ser feito para que a ANP deixe de ser tão tolerante com quem adultera, lacrando reservatórios e reabrindo-os – sistematicamente – tão logo estejam liberados do produto batizado”, queixava-se.


 


ü      Em novembro, o Sincopetro e a Rádio Bandeirantes AM iniciaram a campanha Diga não à adulteração. Para testar a qualidade dos combustíveis nos tanques dos veículos, o laboratório móvel do Sincopetro tem percorrido, desde então, diversos pontos da cidade, litoral paulista e algumas cidades do interior. Os índices de não-conformidade, que eram alarmantes no início da campanha, hoje estão reduzidos.


 


2005


ü      Em 12 de abril, a Lei 11.929/05 foi sancionada pelo então governador Geraldo Alckmin, estabelecendo a cassação da inscrição estadual de postos flagrados com combustíveis adulterados. O Sincopetro, por meio de seu presidente, teve participação fundamental na elaboração dessa lei, instruindo o governador a respeito dos problemas do setor.


 


ü      Um mês antes da edição da Lei 11.929, o Sincopetro enviou cópias do projeto de lei aos governadores de todos os estados, sugerindo que medida semelhante fosse adotada, como forma de coibir a evasão fiscal. Deu certo. Em 1º de setembro, o então governador do Piauí, Antonio Rodrigues de Sousa Neto, informou ao sindicato a aprovação de lei idêntica no estado.


 


ü      Em julho, a revista Posto de Observação denunciou que a máfia dos combustíveis também estava dominando o mercado de álcool. Após a intensificação do controle sobre solventes, as fraudes sobre esse produto cresciam na mesma proporção em que caiam a sonegação e a adulteração sobre a gasolina. Os prejuízos atingiam cerca de R$ 1,5 bilhão ao ano.


 


ü      Em novembro, o Sincopetro enviou ofícios a diversos parlamentares esclarecendo sobre os problemas do mercado de álcool, sobretudo o “álcool molhado”. Um mês depois, a ANP passou a utilizar corante para marcar o álcool anidro.


 


2006


ü      Em agosto, o Sincopetro cobrou do governo paulista a aprovação da chamada Lei de Perdimento, que promoveria o confisco de combustíveis adulterados. Naquela ocasião, o projeto de lei estava aguardando votação no plenário da Assembléia Legislativa.


 


ü      Em dezembro, uma proposta do Sincopetro estava prestes a ser concretizada pela Secretaria da Fazenda de São Paulo, que anunciava para o mês seguinte o início do controle fiscal eletrônico sobre a movimentação de combustíveis no estado.


 


2007


ü      Em abril, a TV Globo buscou informações junto ao Sincopetro para uma série de reportagens sobre a adulteração de combustíveis, apresentadas pelo repórter César Tralli. Num trabalho árduo, a entidade reuniu diversas documentações que comprovavam a realidade conturbada do mercado, naquela época.


 


ü      Em maio, estimulado pelas reportagens, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, radicalizou o combate, arrancando bombas e lacrando com blocos de concreto os postos irregulares. Nessa ocasião, recebido em audiência pelo prefeito, o presidente do Sincopetro destacou a vital importância de se aprovar os projetos de lei de perdimento e da presunção. O encontro terminou com o convite à entidade para integrar a força-tarefa de combate à adulteração de combustíveis.


 


ü      Em julho, o governador José Serra sancionou a Lei 12.675/07 (perdimento), que prevê, entre outros, a apreensão do combustível adulterado, e a Lei 12.676/07 (presunção), que estabeleceu punições, como a aplicação de multas de 200% do valor do ICMS cobrado sobre a gasolina. Presente na ocasião, Paiva Gouveia disse que ambas as leis salvariam a categoria, que não mais conseguia operar por conta do banditismo.


 


ü      Também em julho, o Sincopetro lançou a cartilha Combate às fraudes no setor de combustíveis, contendo todos os instrumentos jurídicos utilizados pelas autoridades governamentais para sanear o mercado.


 


ü      Em seminário promovido pela ANP, em São Paulo, Paiva Gouveia se encarregou de apresentar os resultados do trabalho realizado pela força-tarefa, da qual o Sincopetro é integrante.


 



A VOZ DA FORÇA-TAREFA


“O trabalho de combate à adulteração de combustíveis em São Paulo mostrou como a ação conjunta dos agentes públicos e de entidades da sociedade civil pode proteger o cidadão brasileiro contra o crime. Estamos fazendo uma verdadeira varrição nos estabelecimentos para detectar e punir os infratores. Esse é um grande exemplo a ser seguido em todo o Brasil”.


Gilberto Kassab


Prefeito de São Paulo


 


“Hoje, São Paulo conta com uma força-tarefa composta por órgãos como ANP, prefeitura de São Paulo, Polícia Fazendária, Ministério Público, Sindicom e Sincopetro, que visa combater a adulteração de combustíveis. É importante salientar que o Sincopetro tem sido um parceiro estratégico e um colaborador importante para vencermos essa guerra”.


Alcides A. Santos


Coordenador geral ANP/SP


 


“É importante a união de todos os órgãos e entidades do setor para a fiscalização eficaz da pirataria que há anos engana e lesa o consumidor final. Numa sociedade complexa como a nossa, em que vários órgãos dividem a responsabilidade da fiscalização, todos devem se despir de suas vaidades e aceitar a coordenação daquele que reúne mais condições de atender os anseios da sociedade”.


Wellington Sandim


Diretor do Sindicom


Fonte: trechos extraídos da cartilha Combate às fraudes no setor de combustíveis, distribuída a parlamentares e a governadores de estado, e também aos associados do Sincopetro e assinantes da revista Posto de Observação.