por Cristiane Collich Sampaio, Denise de Almeida e Márcia Alves

Para um consumidor cada vez mais apressado, segurança, estacionamento gratuito, atendimento atencioso e um local agradável para matar a sede, fazer uma refeição rápida e comprar itens “convenientes” passaram a ser elementos atraentes, e essas facilidades acabam por influenciar de forma significativa o movimento e a rentabilidade do estabelecimento como um todo.

Dependendo da localização, do tipo de cliente, da área disponível, o posto pode se constituir num verdadeiro shopping, reunindo num único ponto, de fácil acesso, os mais variados tipos de serviços e produtos que se possa imaginar: laboratório de análises clínicas, salão de beleza, farmácia, agência bancária, videolocadora, padaria e doceira, restaurante, lanchonete, café gourmet, supermercado, perfumaria, loja de produtos naturais e/ou dietéticos, academia e, até, loja de conveniência.

Opção para o consumidor na hora da refeição

Prova disso é o resultado de um estudo realizado pela GS&MD Gouvêa de Souza, empresa de consultoria e serviços voltados a varejo, marketing e distribuição, que detectou que, assim como as padarias e os estabelecimentos que servem comida por quilo, as lojas de conveniência são forte tendência do varejo de alimentação nos próximos anos.

"As lojas de conveniência começam a disputar mercado e têm chamado muita atenção, especialmente no café da manhã", afirma Luiz Goes, sócio sênior da GS&MD.

De fato, o aumento dessa demanda tem feito com que redes de lanchonetes que servem café, como Casa do Pão de Queijo, Rei do Mate etc., desenvolvam modelos de franquia específica para instalação em postos de combustíveis

Pão quentinho na rede AM/PM

Muito além das lojas de conveniência tradicionais, a Ipiranga, já há alguns anos, vem priorizando a instalação de padarias nos postos sob sua bandeira. O sistema de franquias da AM/PM da empresa já conta com 110 unidades nesse formato espalhadas pelo país, e, seguindo a tendência mundial, vem transformando, cada vez mais, o posto de combustíveis em um pequeno supermercado de vizinhança.

Atenta às necessidades do mercado, a companhia investe agora em metragens menores no espaço dedicado à oferta de pãezinhos. Nessa linha, a rede desenvolveu uma planta para lojas de postos com menos de 50 m2, as quais têm conseguido ampliar em até 40% o faturamento da conveniência, de acordo com dados da empresa. A estratégia deve garantir à companhia um faturamento de R$ 1 bilhão em 2012, se continuar a registrar a média anual de 24% de crescimento. Segundo Leocádio Antunes Filho, diretor superintendente da Ipiranga, 22% dos postos da rede localizados nas cidades possuem lojas de conveniência, as quais correspondem por 30% das vendas do grupo.

BR Mania quer aproximar as pessoas

As lojas BR Mania, dos postos da BR Distribuidora, também estão estreando um novo conceito food service, ao oferecer mais de 100 produtos de sua linha, entre doces, salgados, pizzas, sanduíches e pratos prontos.

Além da nova campanha publicitária no ar – em ação que inclui filmes para TV, spots para rádio, anúncios na mídia impressa e banners na web – a distribuidora aposta suas fichas no público jovem e quer mostrar o Posto Petrobras – e a loja de conveniência BR Mania – como um importante espaço de aproximação entre as pessoas.

Segundo o diretor da rede de postos da companhia, Luiz Cláudio Caseira Sanches, os postos com lojas de conveniência podem incrementar em até 20% o faturamento, em comparação aos que não oferecem esta comodidade.

Duzentas novas lojas por ano é a meta da Raízen

Segundo Natália Cid, gerente nacional de Conveniência da Raízen, “se no passado o principal papel da loja era o de ampliar o tráfego na pista, hoje, além dessa função, ela se constitui numa unidade independente de negócio, com rentabilidade adicional, que eleva a lucratividade do ponto de venda como um todo. A conveniência ganhou vida própria e é um caminho sem volta”.

Consciente desse novo cenário, Natália expõe as nada modestas metas para as lojas Select: “Nosso plano de expansão é ousado, impondo uma velocidade de crescimento de 200 lojas por ano e a meta de chegarmos a 2015 com 1,5 mil unidades”.

Nas novas lojas a ênfase é na área de alimentação e no ambiente confortável, “A assinatura das lojas é: Select, uma pausa gostosa”, afirma a executiva, explicando que esse slogan remete à necessidade de uma parada na correria diária, especialmente nos grandes centros urbanos. Ela acrescenta que, dada a elevação do valor das áreas urbanas, procura estimular a diversificação do ponto de venda.

ALE foca na expansão

Manter o ritmo de crescimento é a meta da ALE para a área de conveniência no próximo ano. Na posição de quarta maior distribuidora de combustíveis do país, com uma rede de mais 1,8 mil postos, a ALE investe para fortalecer a sua marca Entreposto. “Trabalhamos com foco na expansão e a Entreposto deve acompanhar o crescimento da rede”, afirma o diretor de diretor de Marketing e Varejo da ALE, Júlio Paulon.

Neste ano, segundo Paulon, o desempenho da marca superou as expectativas. “Nosso crescimento foi 30% superior se comparado à rede de lojas ativas em 2011, com lojas de aproximadamente 45m². Chegaremos ao fim do ano com cerca de 210 unidades”, diz. O diretor da ALE acredita no grande potencial do segmento. “Esses pontos de venda têm muito espaço a ocupar; o percentual de lojas no Brasil ainda é baixo se comparado a outros países”, afirma.

Para tanto, a empresa já estabeleceu como foco a capacitação dos gestores das lojas Entreposto. E uma das iniciativas foi a parceria estabelecida com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), para oferecer treinamento a frentistas e atendentes de loja de conveniência, por meio de uma unidade itinerante, montada dentro de uma carreta, cuja meta é capacitar 3,5 mil profissionais por ano.

O que pensam os revendedores

Expansão à vista

Alexandre Sá Cesar de Camargo, do Posto Marinho, de bandeira Ipiranga, localizado em Ourinhos (SP), diz que “hoje, a loja de conveniência é praticamente uma exigência do mercado, pois os consumidores querem cada vez mais comodidade e praticidade e o tempo é um fator determinante.”.

Inaugurada em novembro de 1998, a loja franqueada AM/PM ocupa cerca de 50 m2 e comercializa cerca de mil itens diferentes, entre os quais se destacam os da marca própria da AM/PM.

Embora a venda de bebidas ainda seja o carro-chefe da loja, o empresário diz que a área de fast food vem crescendo. “Estamos atentos a essas mudanças, e prevemos uma ampla reforma em 2014, com instalação de padaria, Ipiranga Shop, entre outras novidades”.

Full service e profissionalização

“Hoje é imprescindível ter uma loja de conveniência no posto”, concorda o revendedor José Matiello Neto, do Good Gas Posto de Serviços, de bandeira Shell, localizado na Zona Sul da capital paulista. Ele revela que, hoje, entre 7% e 12% do faturamento global vem da loja Select. Mas acredita que esse percentual aumente com a adequação ao novo conceito da companhia, que incrementa o fast food de qualidade e o conforto do consumidor, previstas para o início de 2013: “a preparação dos pratos será feita na própria loja e haverá mesas e cadeiras, num ambiente acolhedor”.

Com cerca de 70 m2 e comercializando entre 800 e 900 itens de diferentes categorias, a loja vem revelando seu potencial: o faturamento com a venda de refeições rápidas, segundo o empresário, vem crescendo, em média, 20% ao mês.