por Márcia Alves


 


Facilidade, segurança e algumas vantagens estão impulsionando o uso de cartões como meio de pagamento para o abastecimento de combustíveis nos postos. Um estudo da Partner Consultoria revelou que em 2007 o número de cartões eletrônicos em circulação no país aumentou 20%. A modalidade de maior expansão é o private label (cartão próprio), que já responde por quase metade dos 420 milhões de plásticos em uso atualmente. No comércio de combustíveis, os private labels estampam desde a marca de grandes distribuidoras até de instituições financeiras. A maioria funciona como um cartão de crédito convencional, oferecendo vantagens extras para os consumidores que abastecerem em estabelecimentos de determinada bandeira.


 


Entre as distribuidoras, Petrobras, Texaco e Ipiranga têm seus próprios cartões, oferecidos aos clientes para o consumo nos postos de suas respectivas bandeiras. Como a disputa no segmento é grande, cada uma apresenta um diferencial em relação à concorrente. No cartão Petrobras, por exemplo, os consumidores são atraídos com sorteios de prêmios, milhagem aérea e descontos em estabelecimentos da rede credenciada, como as revendas de gás de cozinha Liquigás. A Petrobras lançou esse novo private label em janeiro, depois de ter encerrado sua parceria com o HSBC e firmado contrato com o Banco do Brasil. A distribuidora divulgou que pretende emitir 1 milhão de cartões ainda este ano, substituindo seu antigo cartão fidelidade utilizado em mais de 5 mil postos da rede.


 


A Ipiranga aproveitou a onda ecológica e lançou o seu cartão Carbono Zero, que investe parte do valor gasto na compra do combustível nos postos da rede em programas de neutralização de gás carbônico, sem que cobrar nada do consumidor. Como um cartão crédito comum, o da Ipiranga pode ser utilizado para compras na rede Mastecard, não cobra anuidade e oferece 40 dias de prazo para pagamento da fatura. Além do Carbono Zero, a Ipiranga possui outros três tipos de cartões próprios: o Cartão Ipiranga Km de Vantagens, que dá desconto de até R$ 0,40 por litro de combustível na rede; o Cartão Ipiranga Internacional, com aceitação na rede Mastecard e Visa, duas datas de vencimentos, socorro mecânico e desconto de até R$ 0,10 por litro de combustível, mas com cobrança de anuidade; e o Cartão Ipiranga Mastecard, sem anuidade e com desconto de até R$ 0,06 por litro de combustível.


 


Mas, as distribuidoras de combustíveis ganharam um concorrente de peso no segmento de cartões para abastecimento. Terminado o seu contrato com a Petrobras, o HSBC resolveu lançar o seu próprio Cartão Combustível, que reúne quase todas as vantagens dos cartões de suas concorrentes, além de devolver aos clientes 3% de todas as despesas efetuadas nos postos de todo o país. O cartão do HSBC também é aceito por estabelecimentos conveniados às bandeiras Visa e Mastecard e isenta de anuidade o portador, mas cobra uma tarifa mensal de R$ 3,45 pelas transações.


 


Vantagens


O crescimento dos private labels, de acordo com especialistas, se deve às parcerias com instituições financeiras e bandeiras de cartões de crédito. Dessa união resultou um novo produto denominado private label híbrido ou co-branded, que carrega uma marca própria e de alguma bandeira de cartão de crédito. Segundo o gerente departamental do Bradesco, Wagner Aguado, a migração dos private labels para os cartões co-branded proporciona ao cliente variedade em opção de compra e pode agregar vantagens que levem o consumidor a pagar suas despesas com esse meio de pagamento, melhorando a ativação do produto.


 


Para o especialista em marketing de varejo pela Universidade de São Paulo (USP), André Alexandre Alves, fazer com que o private label seja aceito em outros estabelecimentos é uma boa estratégia, mas envolve custos. Se, por um lado, há vantagens tanto para os clientes, que não precisam carregar outros cartões, quanto para os varejistas, que ampliam sua receita com o recebimento de porcentagem sobre as vendas, os limites de crédito são um empecilho. A utilização do crédito em outro varejista faz com que o limite para ser usado na própria rede fique menor. Por isso, muitos preferem que o cartão seja válido exclusivamente em seus estabelecimentos. Outros, segundo ele, resolveram a questão estabelecendo limite para uso fora da rede.


 


Cartões em números


Dados da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs) mostram que são quase 420 milhões de cartões em circulação no país. Desse total, 30% são private labels, 47% de débito e 21% de crédito.


 























Desempenho dos cartões


Modalidade


Quantidade


Crescimento sobre o ano anterior


Crédito


88 milhões


19%


Débito


197 milhões


8%


Private label


132 milhões


20%


Fonte: Abecs