por Márcia Alves

O fenômeno da longevidade agora também está atingindo o Brasil. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) calcula que em menos de 40 anos o número de pessoas com mais de 50 anos deverá superar o de indivíduos de 0 a 30 anos. O problema é que no Brasil o ritmo do envelhecimento está avançando velozmente.

“Enquanto a França demorou 115 anos para dobrar sua população de idosos de 7% para 14%, o Brasil levará apenas 17 anos para saltar dos atuais 11% para 22%”, diz o médico Alexandre Kalache, uma das maiores autoridades do mundo em gerontologia e ex-coordenador de programas de envelhecimento da Organização Mundial de Saúde (OMS).

“Diferentemente dos países desenvolvidos, no Brasil estamos envelhecendo antes de ficar ricos”, diz Kalache. Ele também aponta uma agravante, que é a feminização do envelhecimento. “O país precisa desenvolver, desde já, políticas e ações nas áreas de educação, transporte, infraestrutura, atendimento à saúde, moradia etc., se quiser proporcionar uma velhice digna, principalmente, às mulheres, que serão a maioria”, afirma.

Para o médico Wilson Jacob, diretor do Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas de São Paulo (HCFMUSP), manter uma dieta saudável é um dos segredos para alcançar a qualidade de vida na velhice. Mas, o essencial, segundo ele, é não ingerir medicamentos em excesso.

Em seu livro “EnvelheSer: A busca do sentido da vida na terceira idade” , a psicóloga Lidia Rodrigues Schwarz prega o envelhecimento ativo e o constante desenvolvimento intelectual. “É preciso fazer mais do que apenas esperar a morte chegar. É preciso ter sonhos, projetos e descobrir infinitos dons que às vezes nem sabíamos ter”, diz.

Velhice ativa

O Movimento Pró-Idosos (Mopi) é uma organização sem fins lucrativos, que funciona desde 1975 no bairro da Água Branca, na capital paulista. Mantida por recursos da prefeitura e gerência do Rotary Club, a entidade oferece atividades diárias para mais 120 idosos em oficinas culturais. A seguir, o depoimento de mulheres beneficiadas pelo Mopi.

Foi Aparecida Espíndola, 90 anos, que levou sua filha, Aparecida Janete Espíndola Jozala, 71 anos, para participar do Mopi. A mãe, viúva há 28 anos, freqüenta o local há 24 anos. Já a filha, viúva há 22 anos, participa do Mopi há 18 anos. “Ao invés de casar de novo, preferi dançar e fazer amigos”, conclui a mãe.

Há 11 anos Vanda Leite Silva, costureira de 74 anos, participa das atividades do Mopi. “Minha vida mudou. Ao invés de ficar em casa esperando a morte chegar decidi viver. Faço ginástica, alongamento e dança toda semana”, afirma.