por Márcia Alves

O consumidor brasileiro não é mais o mesmo. A estabilidade econômica, o aumento de renda da população e do emprego formal não apenas elevaram 36 milhões de indivíduos de classe social, como provocaram uma evolução nas relações de consumo. Para Roberto Meir, Publisher & CEO do Grupo Padrão e da Revista Consumidor Moderno, o “nascimento” do consumidor brasileiro teve início em 1994, com o Plano Real. Desde então, até mesmo os consumidores emergentes mudaram ao incorporar as características de classes mais altas. “O consumidor de menor renda não admite menosprezo ou tratamento desigual”, disse.

Mas o maior salto de evolução se deu a partir da internet. “Com as ferramentas de web 2.0 (redes sociais), o consumidor se tornou protagonista das relações de consumo, com a oportunidade de produzir, gerar e distribuir sua própria mídia”, disse. Para se ter uma ideia de como estas novas mídias influenciam nossa cultura, em 2011, nos Estados Unidos, um em cada oito casais se conheceram nas redes sociais e se casaram. As ditaduras do mundo árabe caíram após jovens organizarem manifestações nas páginas do Facebook, o que ficou conhecido como a “Primavera Árabe”. Segundo a consultora Martha Gabriel, as mídias digitais mudaram a forma de relacionamento das empresas com seus clientes. “Estamos cada vez mais próximos dos nossos consumidores”, disse.

Martha observa que as mudanças começaram a partir do momento em que o consumidor teve acesso ao controle remoto da TV. Daí para frente, o poder de escolha inverteu as relações de consumo. “Antes, as empresas buscavam os consumidores. Hoje, são os consumidores que buscam as empresas e marcas”, disse. De acordo com a consultora, passamos de telespectadores em monotela para multi-tela, com interação entre as telas de cinema, TV, celular e computador. Ela prevê que até 2014 o acesso móbile (notebook, tablet, celular) deverá superar o acesso via desktop (computador de mesa) e que o mundo migrará para dentro da rede por meio dos QR Codes (códigos que podem ser escaneados com o smartphone, levando a conteúdos na internet). Os buscadores (tipo Google) serão o ponto comum entre todas as mídias. “Muita gente assiste a TV twitando no smartphone”, disse.

Essa evolução tecnológica alterou a dinâmica do mercado de consumo, colocando o consumidor em posição ativa em relação à escolha de produtos. Outra constatação é que o consumidor se tornou mais seletivo, devido à profusão de informações por fontes diversas. “O consumidor apenas se detém no conteúdo de um site, por exemplo, se tiver uma experiência boa”, disse.  Ela destacou que o fenômeno da “explosão de informações” fez surgir um novo comportamento, o da “economia de atenção”. Isso significa que o individuo apenas prestará atenção às informações que forem relevantes. Entretanto, relevante não é o mesmo que importante. “Relevante é algo importante no tempo e no espaço”, explicou. 

Mas, a comunicação não resolve o problema do produto ruim, segundo a consultora. Por isso, ela orientou as empresas a investirem em um plano de marketing, que por sua definição é “o instrumento que determina as melhores ferramentas para a estratégia de comunicação em função do público-alvo e dos objetivos de marketing que se deseja alcançar”.