por Cristiane Collich Sampaio


 


Em 1954, o italiano Mario Seguso foi convidado para gravar uma coleção de obras e expô-la na inauguração do Parque Ibirapuera, durante as comemorações dos 400 anos da cidade de São Paulo. Após o evento, resolveu aventurar-se pela Amazônia, o que mudou definitivamente o curso de sua vida.


“O país exuberante, de riquezas inspiradoras, proporcionou-me liberdade para criar, sem as pressões rígidas da cultura européia”, diz Seguso, que, ao voltar para São Paulo, montou seu atelier de gravação e fincou suas raízes no Brasil.


Descendente de tradicional família de mestres vidreiros da ilha de Murano, que remonta ao ano de 1292, em Veneza (Itália), o artesão formou-se no Instituto de Arte de Veneza, como design de peças de cristal e como gravador, tendo entre seus mestres nomes consagrados na arquitetura e design mundial, como Carlo Scarpa e Guido Balsamo Stela


Atraído pelo clima ameno de Poços de Caldas (MG) e pela possibilidade de utilizar um antigo forno desativado que, após reforma, teria condições para ser usado satisfatoriamente na fusão do vidro, em 1965, Seguso muda-se para lá com a família – a esposa Rita Borrielo e os filhos Michel e Adriano – e abre sua própria fábrica. A Cristais Cá d(ASPAS)Oro é hoje uma referência em vidro artístico, não apenas no Brasil.


 


Fenícios e egípcios


 


Na fábrica, adotou as técnicas de seus antepassados, as mesmas usadas em Murano, na criação de verdadeiras obras-primas. Essa cidade, por sua vez, é herdeira dos conhecimentos dos fenícios e egípcios, que inventaram e aperfeiçoaram o material ao longo de milênios.


Em fornos especiais, a 1450º C, funde-se a fórmula básica do vidro: areia (quatzito) enriquecida com potássio e outros elementos, que compõem um vidro próprio para esse tipo de trabalho. Óxidos específicos dão cor ao material. As peças são moldadas manualmente e a maioria é soprada com o uso de ferramentas especiais. Por ser um trabalho artesanal, cada peça é única, mesmo quando soprada a partir de um mesmo molde, em vidro da mesma cor; elas podem ser semelhantes, jamais idênticas.


Em sua trajetória ele conseguiu consolidar uma coleção genuína, inspirada na cultura, nas cores e na natureza brasileira, com peças que trazem linhas sóbrias, de desenho apurado, características que se refletem na linha comercial da fábrica.
A Cristais Cá d(ASPAS)Oro faz parte das atrações turísticas de Poços de Caldas. Diariamente recebe visitantes, que podem acompanhar o delicado e paciente trabalho dos artesãos, que transformam massas incandescentes de vidro fundido em obras de arte.


 

Para mais informações, visite o site www.cristaiscadoro.com.br