Por Denise de Almeida

Um levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Sistemas Eletrônicos de Segurança (Abese) revelou que somente a cidade de São Paulo possui mais de 1 milhão de câmeras de segurança que monitoram as atividades dos pedestres em prédios, parques, lojas e calçadas. O número corresponde a cerca de um equipamento para cada grupo de dez paulistanos.

Em outros países, essa técnica é ainda mais difundida. Há oito anos, o governo inglês já contabilizava uma rede de dois milhões de câmeras instaladas nas ruas para procurar criminosos. Muitas delas equipadas com sistemas que reconhecem as pessoas pela face ou por sua maneira de caminhar e checam se são procuradas pela polícia. Os motoristas, por sua vez, passaram a ser vigiados por sensores que identificam a placa do veículo e verificam se ele é roubado. Na média, naquele país, um pedestre é filmado 300 vezes por dia.

Elas funcionam, afinal?

Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego de São Paulo, o uso de radares eletrônicos diminuiu em até 58% o número de mortes em acidentes fatais. No Reino Unido, alguns crimes de repercussão nacional só foram resolvidos graças à ajuda da rede de câmeras. Mas, se as câmeras de vigilância podem ser úteis para identificar um criminoso, seu efeito preventivo é quase nulo, ou pelo menos muito limitado no tempo.

Olivier Guéniat, comandante de polícia da Suíça, país da democracia direta por excelência, revela que todos os estudos disponíveis atualmente mostram que há uma redução da criminalidade e uma maior sensação de segurança nos primeiros dias. “Mas depois de cinco, seis ou sete meses, esse efeito desaparece com muita facilidade", diz. "Quando vejo o número de empresas ou bancos com câmeras que são assaltados do mesmo jeito, fico achando que talvez não seja o melhor instrumento dissuasivo".  Além disso, segundo ele, identificar um ladrão pelas câmeras de segurança ainda não é tarefa fácil. “Basta um capuz, um boné, ou pior, uma máscara, para tornar as coisas muito mais complicadas", observa.

A partir de sua experiência, ele conta que a qualidade da imagem é "muitas vezes frustrante". Especialmente à noite, quando as câmeras são "absolutamente zero".

A despeito dessa situação, a nova tecnologia de controle é consensual. E a Abese afirma: somente aqui no Brasil, o número total dos equipamentos deve triplicar nos próximos anos. Sorria, você está sendo filmado!