por Cristiane Collich Sampaio


 


Foi esse o cenário apresentado em São Paulo (SP), em evento que reuniu representantes governamentais e dos setores automotivo e de combustíveis.


 


A nova realidade dos combustíveis: o que precisa ser feito? Essa foi a pergunta que norteou o II Simpósio Internacional de Combustíveis, Bicombustíveis e Aditivos, promovido pela Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), no dia 25 de junho, no Centro de Convenções Milenium, em São Paulo (SP). O evento, do qual participaram mais de 150 pessoas, debateu temas como a importância dos bicombustíveis para o mundo, irregularidades no setor de combustíveis, novas tecnologias, níveis de emissões e a posição do Brasil no mercado mundial.


Dividido em três painéis gerais – Combustíveis, Tecnologia e Internacional – o simpósio reuniu não apenas integrantes do poder público e da indústria automotiva, mas também representantes do setor de combustíveis.
Após a abertura, o conselheiro do Instituto Brasileiro do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, Armando Guedes Coelho, apresentou o panorama energético brasileiro, com o cenário internacional como pano de fundo. Para ele, a futura redução das reservas de combustíveis fósseis, com a conseqüente elevação dos preços, favorecerá a adoção de alternativas energéticas sustentáveis, como a dos biocombustíveis, nas quais o Brasil aparece na vanguarda, tanto em termos tecnológicos quanto em capacidade de exportação.


Suas palavras foram reforçadas na exposição do assessor da presidência da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, que abordou os avanços tecnológicos que o setor de cana-de-açúcar vem acumulando desde os anos 70 e o impulso na retomada do programa do álcool, agora num outro contexto, graças ao surgimento dos motores flex.


Além de concordar com essas afirmações e com as perspectivas de internacionalização do etanol, o diretor superintendente da Ipiranga, Leocádio Antunes, ao detalhar o atual cenário da distribuição de combustíveis, defendeu a necessidade de se acabar com as irregularidades no mercado e também de garantir o aumento da competitividade no setor.


 


Falhas a sanar


 


Os resultados do trabalho da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) sobre especificações de combustíveis, especialmente no tocante aos novos produtos, como o diesel S50 e S10, entre outros, foi o tema desenvolvido pela superintendente de Bicombustíveis e de Qualidade de Produto do órgão, Rosângela Moreira de Araújo. No momento, a adequação dos produtos às maiores restrições quanto às emissões poluentes está na ordem do dia.


Já o presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia, trouxe para aquele fórum, de características técnicas, toda a experiência prática de uma entidade que luta para acabar com as irregularidades do mercado, como adulteração de combustíveis e venda clandestina de etanol. Ele falou da campanha desenvolvida juntamente com a Rádio Bandeirantes desde 2004, cujos resultados acabaram por fomentar a edição de leis estaduais mais severas, com respeito à adulteração de produtos e à sonegação fiscal. Até aquele momento, a campanha já havia analisado cerca de 14 mil amostras, detectando que o número resultados não conformes estava em queda. “O consumidor está mais exigente. A fiscalização está mais intensa. Conseguimos uma importante vitória com a sanção da lei que estabelece a cassação de posto flagrado com combustível adulterado”, explicou, mas acrescentou que ainda há muito a fazer para sanear definitivamente esse mercado.


Os demais painéis mostraram os avanços tecnológicos no campo da engenharia automotiva, que permitiram ao Brasil o uso do etanol em larga escala e, ainda, as tendências internacionais que apontam para a gradativa substituição do uso de combustíveis fósseis pelos de fontes renováveis.