por Cristiane Collich Sampaio
Dois autores são clássicos. Há o belga Georges Simenon, criador do comissário parisiense Jules Maigret, um mestre na investigação da alma humana e em expor os valores e costumes da sociedade francesa do início do século XX, com seus cafés e seus assassinos. Entre um copo e outro, em hospedarias malcheirosas de uma pequena cidade ou durante tocaias em Paris, o fio das meadas inevitavelmente portam o leitor até a solução do crime.
E, embora contemporâneos, seu estilo em nada se parece com o do ex-detetive norte-americano Dashiell Hammett. Hammett que ficou conhecido pelo romance O Falcão Maltês, que, em sua primeira versão cinematográfica, teve Humphrey Bogart no papel do protagonista Sam Spade , não economiza nas cores para revelar a sordidez que permeia o estrato social do país. Gangsters, policiais e políticos corruptos, bêbados, lei seca e cadáveres preenchem as páginas de seus contos e romances.
O terceiro, que também nasceu nos EUA, é Lawrence Block, que dá continuidade ao estilo noir na atualidade. Um de seus personagens, o ladrão Bernard Rodenbarr, é um cínico. Bem humorado, culto e requintado é um especialista em abrir fechaduras. Como diz, tem trabalho de sobra procurando se manter a frente dos fabricantes, para se especializar em assassinatos. Todavia sua profissão acaba por jogá-lo em situações inusitadas.
Uma Sombra na Janela
Georges Simenon
Nova Fronteira/L&PM Pocket
Numa fria noite de novembro, após um chamado, o comissário Maigret, da polícia judiciária francesa, com seu inseparável cachimbo, se dirige a um antigo edifício comercial da Praça des Vosges, em Paris. A sombra de um morto aparece numa das poucas janelas acesas, levando o protagonista a um tradicional bairro parisiense, onde um desfecho inesperado o aguarda, contrariando a suposição inicial de um simples roubo.
Seara Vermelha
Dashiell Hammett
Companhia das Letras
Em Personville, também chamada Poisonville (Cidade Veneno), o detetive da Agência Continental descobre que quem o contratou fora assassinado logo após sua chegada. Ele desconhece o motivo pelo qual foi chamado, mas isso não o impede de encontrar um novo cliente e de esclarecer essa e outras mortes. Magnatas e marginais de caráter semelhante, policiais corruptos, líderes políticos e econômicos imorais se sucedem numa trama que retrata, sem atenuantes, a escória da sociedade norte-americana dos anos 20.
O Ladrão no Armário
Lawrence Block
Companhia das Letras
Um famoso dentista, sua ex-mulher, jóias, um bisturi, um acordo, roubos e assassinatos. Ladrão confesso, mas não homicida, Bernard (Bernie) Rodenbarr está trancado dentro de um armário no apartamento onde um crime acontece. Ele tem sua cabeça a prêmio e, para salvar sua pele, sai à caça do assassino em bares, bibocas e ateliês de Nova Iorque.