por Cristiane Collich Sampaio


 


Para ler


 


A obra de Zélia Gattai


 


Falecida no último dia 17 de maio, aos 91 anos, Zélia Gattai, escritora, fotógrafa e memorialista brasileira, começou escrever apenas aos 63 anos. Publicou livros para crianças e uma série de relatos sobre suas viagens, seus amigos, sua família, a Segunda Guerra, a Europa dos exilados, a queda de Getúlio, escritores, artistas.


Sua obra é composta de nove livros de memórias, três livros infantis, uma fotobiografia e um romance. Alguns de seus livros foram traduzidos para o francês, o italiano, o espanhol, o alemão e o russo.


Em 2001, foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, para a cadeira 23, anteriormente ocupada por Jorge Amado, com quem também partilhou 56 anos de casamento.


Em sua homenagem, o Dicas deste mês apresenta duas de suas principais obras. Seu primeiro livro, Anarquistas, graças a Deus, foi adaptado para minissérie pela Rede Globo, enquanto que o segundo, Um chapéu para viagem, recebeu versão teatral.


 


Anarquistas, graças a Deus


Lançado em 1979, este é o livro de estréia da autora, que traz reminiscências do país na primeira metade do século e conta a história de sua infância como filha de imigrantes italianos, anarquistas e católicos, que escolheram a cidade de São Paulo para se estabelecer. É uma saborosa viagem ao cotidiano dos imigrantes e das primeiras gerações de descendentes, não apenas italianos.


O livro foi um sucesso, tanto que, três anos depois, virou série de televisão e continua tendo sucessivas reedições. Por Anarquistas, graças a Deus, Zélia Gattai recebeu o Prêmio Paulista de Revelação Literária de 1979.


 


Um Chapéu para Viagem


Segundo livro da autora, Um chapéu para Viagem, de 1982, é um texto confessional; foi escrito a partir de suas memórias do período de 1945 a 1948, quando conheceu Jorge Amado, seus irmãos e seus pais. A história do dia-a-dia no Brasil nesse período de guerra, nazifacismo e perseguição aos imigrantes é retratada por alguém que sentiu e viveu a perseguição política, não só por ser oriunda de uma família de origem italiana, de anarquistas, mas também devido à intensa atividade política de Jorge Amado, então seu companheiro.