por Cristiane Collich Sampaio


 


 


Ele iniciou sua carreira aos 14 anos nas pistas de kart, passando pela Fórmula Super Vê e obtendo diversos recordes e vitórias na Fórmula 3, em 1978, antes de, nesse mesmo ano, começar a competir na F1. De 78 a 91, participou de 13 temporadas, vencendo três, nos anos de 81, 83 e 87.


Em 91 obteve sua última vitória na F1, em Montreal (Canadá), deixando a modalidade ainda nesse ano, após o GP de Adelaide (Autrália). Nos anos subseqüentes ainda competiu em provas mundiais de longa duração, abandonando a carreira após o acidente na pista de Indianápolis (EUA).


Hoje, Nelson Piquet se recusa terminantemente a dar entrevistas sobre automobilismo, abrindo uma exceção somente quando se trata de comentar a carreira do filho, Nelsinho Piquet. Mas não economiza palavras para divulgar sua atual atividade. Da mesma forma que no passado não mediu esforços para se colocar na dianteira das competições de F1, no presente se dedica a manter a liderança de sua empresa – a Autotrac Comércio e Telecomunicações S.A. –, que no momento detém cerca de 70% do mercado brasileiro de comunicação móvel de dados, monitoramento e rastreamento de veículos de transporte, com 14 unidades de negócios no Brasil e uma subsidiária na Argentina. Acompanhe a entrevista.


 


Posto de Observação – Quando e o que o levou a mudar de atividade e a investir na criação da Autotrac?


Nelson Piquet – Após deixar as pistas de corrida, tive a oportunidade de ver nos Estados Unidos um motorista trabalhando com um sistema de rastreamento voltado para logística e fiz os primeiros contatos com a criadora do sistema. Em 1994 demos início às operações comerciais da Autotrac e hoje somos referência desse mercado.


P.O. – Que produtos a Autotrac oferece ao mercado?


Piquet – Autotrac Satélite, voltado para empresas de transporte, operadores logísticos, transportadoras, embarcadores, atacadistas, distribuidores; Autotrac Caminhoneiro, criado exclusivamente para atender o caminhoneiro autônomo; e Autotrac Celular, atendendo o mesmo público do Autotrac Satélite, mas apenas em frotas predominantemente urbanas.


P.O. – O investimento em rastreamento de veículos é alto?


Piquet – A relação custo x benefício para aquisição dos nossos sistemas de ­ras­treamento é muito atraente. Hoje, o cliente tem opções de financiamento, os equipamentos são customizados ao tipo de operação de transporte e os benefícios logísticos e de segurança são enormes.


P.O. – Possui clientes entre as distribuidoras de combustíveis líquidos e redes de postos ?


Piquet – Sim. Direta ou indiretamente, os principais players deste mercado são clientes da Autotrac.


P.O. – As tecnologias utilizadas pela Autotrac sofreram algum tipo de adaptação ao serem aplicadas ao mercado brasileiro?


Piquet – Sim. Todos os dispositivos de segurança disponíveis no sistema foram desenvolvidos de acordo com a demanda no Brasil, inclusive os criados especificamente para o transporte e distribuição de combustíveis. Também toda a inteligência logística e gerencial do nosso software SuperVisor levou em conta a realidade do transporte no Brasil, com todas as suas diferenças entre regiões, características geográficas, áreas de risco etc.


 


P.O. – Há perspectiva expansão em  2007?


Piquet – Estamos estudando a abertura de novas unidades. Faz parte da nossa estratégia estar o mais próximo possível do cliente. Da mesma forma, o lançamento de novos produtos também está em nossos planos, para desenvolver novos nichos de mercado.


 


P.O. – Acredita que a tecnologia da Autotrac poderia contribuir para mi­nimizar as irregularidades que ainda hoje ocorrem no mercado de combustíveis no Brasil?


Piquet – A tec­nologia Autotrac é muito eficaz na gestão logística e de segurança de inúmeros produtos. Combustíveis é um deles e, neste caso em particular, já desenvolvemos soluções específicas para o segmento, como o kit de acionamento para trava de tanque dos caminhões que transportam combustíveis.


 


P.O. – Tem orientado a carreira de seu filho desde o princípio? Poderia comentar a trajetória dele até este momento, em que acabou de ingressar na ING Renault F1 Team, e os projetos futuros?


Piquet – A trajetória do Nelsinho começou no kart, aos oito anos de idade. Ao longo desses anos, ele se dedicou muito ao automobilismo competindo na F3 Sul-Americana, F3 Inglesa e GP2. Em tudo que fez, Nelsinho se destacou muito, ganhou corridas e títulos, quebrou alguns recordes e impressionou muita gente. Agora chegou a vez de provar se realmente pode ser um campeão completo. Na F1 não há espaço para quem não é o melhor.


collichc@postonet.com.br