por Denise de Almeida
Luis Henrique Guimarães - Vice-presidente executivo comercial da Raízen
A Raízen, empresa resultante do processo de integração dos negócios da Cosan e da Shell no Brasil, já nasceu grande. Com valor de mercado estimado em torno de US$ 12 bilhões, cerca de 40 mil funcionários, 24 usinas, 53 terminais de distribuição, 4,5 mil postos, 550 lojas de conveniência e 20 bilhões de litros comercializados, a empresa quer, sobretudo, fazer com que o etanol de cana-de-açúcar seja reconhecido mundialmente como fonte de energia sustentável. Tanto que, nos próximos cinco anos, pretende dobrar a produção do combustível, pulando de 2,2 bilhões para 5 bilhões de litros.
Na distribuição e comercialização de combustíveis, no entanto, pelo menos por enquanto, nada muda. No relacionamento com os revendedores, sejam Esso ou Shell, serão mantidas as mesmas equipes e a única alteração acontecerá na manifestação visual dos 1,7 mil postos da rede Esso que, nos próximos três anos, será substituída pela marca Shell.
Luis Henrique Guimarães, vice-presidente executivo comercial da Raízen, ressalta que a empresa defende que o modelo ideal para o Brasil é o posto de propriedade de um revendedor empresário e parceiro, responsável por sua operação. O executivo, que antes ocupava o cargo de diretor de marketing da Shell para a América do Norte, diz que a Raízen está tendo a oportunidade única de comparar e escolher o que há de melhor entre os processos e atividades de cada uma das empresas. E garante que as mudanças, quando ocorrerem, serão positivas para os revendedores.
Acompanhe a entrevista!
PO Falando especificamente sobre distribuição e comercialização de combustíveis, quais são os planos imediatos da Raízen?
Guimarães Os planos da Raízen são bastante ambiciosos. Acreditamos no crescimento do país e cresceremos juntos ano a ano. Teremos a melhor proposta de valor do mercado para os parceiros e clientes e queremos trabalhar com revendedores que acreditam na diferenciação e têm ambição em crescer.
PO O que muda na distribuição e comercialização junto aos revendedores, sejam eles Esso/Cosan ou Shell?
Guimarães Haverá mudanças positivas, pois estamos tendo a chance única de comparar e escolher o que há de melhor entre os processos e atividades de ambas as empresas.
PO Mas como fica o relacionamento com os revendedores?
Guimarães Os revendedores podem estar certos que as mudanças, quando ocorrerem, serão para melhor e acompanhadas pela mesma equipe que eles já confiam. Afinal, manter e dar continuidade ao ótimo relacionamento existente é papel da Raízen.
PO E na manifestação visual dos estabelecimentos? Em que prazo pretendem implantar as mudanças?
Guimarães Faremos a mudança de marca Esso para Shell em 1,7 mil postos em até 36 meses por meio de ondas regionais. Mais importante do que a alteração da marca é a implementação da nova proposta de valor, que reúne o que há de melhor na Shell e na Cosan / Esso. Com isso, os investimentos de marca e comunicação estarão centrados em uma mensagem única, proporcionando um benefício maior para os consumidores e revendedores.
PO Quantos postos de combustíveis foram envolvidos na fusão que gerou a Raízen? Toda a rede foi abrangida ou houve seleção?
Guimarães A joint venture entre Shell e Cosan, que gerou a Raízen, envolveu 4,5 mil postos. Por se tratarem das redes mais eficientes do mercado, toda a rede das duas bandeiras foi abrangida.
PO Houve um impulso também de comprar mais postos. Quais são os planos?
Guimarães Acreditamos que o modelo ideal para o Brasil é o posto de propriedade de um revendedor empresário e parceiro, responsável por sua operação. Nada substitui o olho do dono e estamos juntos com nossos parceiros para continuar a crescer.
PO Como a Raízen vê sua participação no mercado do etanol? Qual o incremento na produção esperado com a aquisição de novas usinas nos próximos anos?
Guimarães A participação da Raízen no mercado acelera o processo de internacionalização do etanol, além do reconhecimento das externalidades positivas do produto, tais como combustível renovável que contribui para a redução do efeito estufa. A Raízen espera elevar a sua produção de etanol de 2,2 bilhões de litros para 5 bilhões de litros, em cinco anos.
PO E no de biocombustíveis?
Guimarães A participação da Raízen nas empresas de pesquisa Iogen (empresa de biotecnologia especializada em etanol celulósico) e Codexis (desenvolve biocatalizadores na produção de biocombustíveis avançados) pode acelerar o processo de desenvolvimento de biocombustíveis, gerando maior valor agregado ao etanol, contribuindo para o processo de desenvolvimento do etanol de segunda geração, para a produção de biodiesel e de outros produtos derivados do etanol.
PO Por ser produtora de etanol, neste período de entressafra e de elevação dos preços no mercado interno, a Raízen tem se beneficiado (e beneficiado os postos sob sua marca), de alguma forma, de sua posição privilegiada?
Guimarães Os preços do etanol praticados na entressafra são decorrentes da oferta e demanda. As empresas que possuem liquidez para armazenar o produto e comercializá-lo neste período, se beneficiam economicamente. Com relação aos postos, a credibilidade das marcas e o fato de eles sempre contarem com produtos para atender a população são fatores positivos para o negócio.