por Cristiane Collich Sampaio


 


Em setembro, o Sincopetro comemorou mais uma vitória: no dia 16, finalmente, foi colocada em pratica a do Lei do Perdimento, dispositivo estadual que permite o confisco do combustível adulterado dos tanques de postos, distribuidoras e caminhões. Com isso se fecha um importante ciclo na luta contra as irregularidades do mercado – iniciado com a campanha da qualidade dos combustíveis, realizada em parceria com a Rádio Bandeirantes AM desde 2005 –, que teve no sindicato paulista da revenda seu maior combatente.


A seriedade de suas reivindicações e propostas, sempre sustentadas por bases técnicas e argumentos sólidos, permitiu que a entidade desempenhasse destacado papel junto às instituições públicas. Como demonstrado nessa oportunidade e, também este ano, no fórum realizado juntamente com o sindicato nacional das distribuidoras (Sindicom) para sanear o mercado, o governo paulista, o Ministério Público do estado, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o instituto de metrologia (Ipem-SP) e tantas outras instituições relacionadas com o setor mantém abertas suas portas para o Sincopetro, vendo-o como importante parceiro em todas as ações que visem o equilíbrio do mercado de combustíveis.


Além disso, em sua trajetória a entidade não tem poupado esforços ao investir em ações que beneficiem os revendedores, como as lutas por maior controle sobre a atividade dos Pontos de Abastecimento (PAs), no combate ao comércio clandestino de álcool, às fraudes nos cheques e contra o oligopólio das bandeiras de cartões de crédito, apenas para citar algumas, mais recentes.


O Sincopetro, como é mais conhecido, é o mais antigo e maior sindicato de revendedores de combustíveis do país, com uma base de aproximadamente 7 mil postos, dos quais, cerca que 60% são filiados. A entidade é uma verdadeira federação estadual, com núcleos em diferentes pontos do estado. São 13 subsedes regionais no interior e duas na região metropolitana de São Paulo – com serviço de atendimento ao associado e assessoria jurídica –, fora a sede, no bairro de Perdizes, e as quatro subsedes da capital. Além do departamento jurídico – que oferece orientação sobre contratos e assessoria em ações trabalhistas e defesas administrativas diversas –, os filiados contam com outros serviços, como a Secretaria de Assistência ao Associado (SAA), o Departamento Ambiental e, em datas pré-determinadas, cursos e palestras para revendedores e funcionários de postos, visando a profissionalização de empresários e da própria atividade.


 


Parto entre guerras


 


O Sincopetro atual é produto de uma história de mais de 65 anos, do esforço de presidentes e diretores que, para poder defender adequadamente os interesses da categoria, também investiram no desenvolvimento físico da entidade, em organização, instalações e infraestrutura técnica e de recursos humanos, em serviços para os associados.


Foi no dia 26 de novembro de 1940 que nasceu a primeira organização sindical da revenda: a Associação dos Revendedores de Petróleo (Ardep). Nessa época, a bomba de gasolina era, na maioria das vezes, mero apêndice de grandes casas comerciais. O revendedor de combustíveis era praticamente um preposto das distribuidoras, que lhes ditavam normas de funcionamento e controlavam sua “comissão”: 200 réis fixos por litro de gasolina, independentemente do preço final do produto. Foi em meados de 1941 que, para conter o consumo, diante de ameaça ao abastecimento, surgiu a primeira tabela de preços, que fixava os valores de venda da gasolina e do querosene, variáveis de acordo com os custos do frete.


Depois, com o racionamento, ficou claro que a Ardep era insuficiente, como órgão de representação, e que somente uma entidade de classe poderia negociar saídas para os revendedores, ameaçados de extinção, por não ter o que comercializar. E, assim, quase quatro anos depois da associação nascia o Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Minerais do Estado de São Paulo – hoje, Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de São Paulo ou, simplesmente, Sincopetro.


A Carta Sindical que criou a entidade data de 25 de março de 1944 e é assinada por Alexandre Marcondes Filho, então ministro de Estado do Trabalho. No dia 14 de agosto foi eleita a primeira diretoria, com Waldemar G. Ferreira na presidência. Mas somente em 1945 ela viria a ser oficialmente reconhecida pelo ministério.


 


Pioneirismo e colaboração


 


Como pioneiro, o sindicato de São Paulo também teve importante papel na criação de entidades semelhantes em outros estados, como a da Guanabara, em 1954, do Rio Grande do Sul, Paraná e Bahia, as três em 1957, e Minas Gerais, em 1959, lançando a semente para a constituição da federação nacional, fundada anos mais tarde.


Assim como o país, também o Sincopetro sofreu com as transformações que vieram com o crescimento e a modernidade, especialmente as representadas pela migração de um setor altamente controlado para um mercado aberto. Os revendedores passaram a ser empresários e tiveram de aprender a calcular sua própria margem, definir suas estratégias comerciais e concorrenciais, escolher seus fornecedores e os produtos e serviços a serem oferecidos em seu ponto de venda.


As leis mudaram, vieram exigências ambientais e fiscais, automação e o Sincopetro não somente se adaptou ao novo contexto, como também tem procurado auxiliar seus representados na constante – e necessária – atualização.


No ano em que completa seu 65º aniversário, a entidade tem muito a comemorar, mas seus dirigentes têm claro que o momento não é de relaxar, pois, agora, quando, ao que tudo indica, a adulteração está sob controle no estado, explode o comércio de álcool clandestino. Porém, quem está nessa atividade, merece, ao menos, um breve momento para festejar as conquistas alcançadas até agora. O brinde aos 65 anos do Sincopetro será realizado na Festa do Revendedor de 2009, no dia 3 de outubro, no Esporte Clube Pinheiros, em São Paulo. Levante sua taça: esse sexagenário merece!