por Márcia Alves


A ousadia dos adulteradores de combustíveis está ultrapassando todos os limites. Dois postos na capital paulista e um de Santo André (SP) foram interditados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), nos dias 2 e 3 de fevereiro, respectivamente, por venderem etanol adulterado com metanol, uma substância altamente tóxica. Segundo especialistas, quando inalado, ingerido ou em contato com a pele, o metanol é rapidamente absorvido pelo organismo, podendo provocar a cegueira e até parada cardíaca.


No primeiro caso, a ANP constatou a adulteração em duas bombas de um posto de Santo André. Uma continha 95,8% de metanol e a outra chegava a 79,3%. A adulteração foi comprovada pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), após a análise de 55 amostras de etanol colhidas em São Paulo e na região do ABC. Na aparência, etanol e metanol são semelhantes e no teste realizado no posto, ambos apresentam a mesma reação.


Os outros dois casos de adulteração foram encontrados na capital paulista, em uma operação conjunta com a Secretaria Municipal de Controle Urbano e o Departamento de Controle do Uso de Imóveis (Contru), em 3 de fevereiro. Em um posto da Zonal Oeste, havia 5,8% de metanol misturado ao etanol, e no da Zona Leste, 13%. Ambos foram interditados pela fiscalização, que colocou blocos de concreto na entrada do estabelecimento para evitar a reabertura.


Surpresa


A ANP se surpreendeu com essa nova prática de adulteração, pois nunca havia detectado a mistura de metanol em combustíveis, muito menos em quantidade tão elevada. Os fiscais acreditam que o motivo seja econômico, já que o metanol custa 60% menos do que o etanol. Em nota divulgada à imprensa, a agência informou que os estabelecimentos foram interditados por medida cautelar para proteger a saúde dos frentistas e consumidores.


Depois dos postos, a ANP decidiu rastrear a origem a produto fraudado, chegando até Paulínia (SP), onde interditou duas distribuidoras. Em uma, os testes das amostras colhidas acusaram a presença de 18,5% de metanol, e na outra 10,5%. A ANP anunciou, ainda, que pretende intensificar a coleta de amostras em São Paulo, para verificar se existem mais casos semelhantes de adulteração.