por Cristiane Collich Sampaio

Os resultados de uma pesquisa elaborada pela Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados (Seade) e pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), divulgados no dia 2 de março, demonstram que em 2010 no universo da população economicamente ativa (PEA) da região, a participação de mulheres com ensino superior completo passou a ser de 53,6%. Em 2000 a presença masculina nesse contexto era de 51,3%.

De acordo com Paulo Cesar Rezende Carvalho Alvim, gerente da Unidade de Acesso a Mercados do Sebrae Nacional, o aumento do nível de escolaridade é apenas um dos fatores que nos últimos 30 anos vem incrementando a participação feminina no mercado de trabalho mundial. A redução do número de filhos, cultura local, assim como o grau de desenvolvimento dos países também influi: “quanto menos desenvolvidos, maior a presença dos homens no sistema produtivo, mas conforme evoluem, a participação dos gêneros se inverte.” Assim, o crescimento da presença feminina na economia deverá acompanhar esse movimento, num caminho sem volta.

Em âmbito global, ele assinada que o aumento da renda familiar e para prover, exclusivamente, o sustento da família, aparecem como estímulos importantes na busca feminina para estruturar a própria empresa. Entre 2001 e 2009, no Brasil, o número de famílias chefiadas por mulheres passou de 27% para 35%, de acordo com informações do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Por outro lado, conforme os resultados apurados em pesquisa do Seade/Dieese, o salário pago às mulheres na RMSP corresponde a 75,7% do valor pago aos homens, na mesma função, o que pode ser um estímulo extra ao empreendedorismo feminino.

Sensibilidade e empreendedorismo

Além disso, como esclarece Paulo Alvim, há um conjunto de características próprias que favorecem a mulher também no ambiente empreendedor, como sensibilidade, percepção e capacidade de interação maiores.

 “Hoje, no Brasil, há mais novas empreendedoras do que novos empreendedores”, assegura, tomando por base o trabalho intitulado Empreendedorismo no Brasil em 2009, realizado em conjunto por instituições nacionais e internacionais, com patrocínio do Sebrae Nacional, entre outras.

Apesar do equilíbrio entre os dois gêneros, em 2009 o número de mulheres empreendedoras no Brasil suplantava o de homens, correspondendo a 53% do total contra 47%. Naquele ano, apenas Tonga, na Oceania, e Guatemala tiveram resultados semelhantes a esses entre todos os países pesquisados. Essa também foi a primeira vez que a proporção de mulheres empreendendo por oportunidade – e não por necessidade – superou a de homens na mesma condição, desde que o país participa da pesquisa.