por Cristiane Collich Sampaio



A chegada do diesel S-50 ao mercado trouxe
novas preocupações aos revendedores que – voluntária ou obrigatoriamente –
passaram a comercializar o produto. Mais instável que o S-500, por conta da
mistura com 5% de biodiesel, o novo diesel tem vida curta, pois se degrada e
forma borra em pouco tempo, o que é um problema, já que praticamente não há
consumo. Com preços de R$ 0,15 a R$ 0,20 superiores aos do diesel S-500, os
consumidores que possuem veículos fabricados antes de 1º de janeiro de 2012 não
se animam a adquirir o novo diesel, apesar dos benefícios ambientais por ele
propiciados. Além disso, as montadoras têm prazo até o final de março para
escoar os estoques de ônibus e caminhões não dotados de tecnologia Proconve P7,
que são os únicos que só podem rodar com S-50. Ou seja, os postos estão com o
“mico”: tem de vender o produto no espaço de um mês – prazo indicado para sua
comercialização –, ou perder a mercadoria. Mas não existe mercado.



E há mais um agravante. No estado de São
Paulo a venda de combustíveis fora das especificações oficiais pode ser punida
com a cassação da inscrição estadual dos postos.



Diante desse cenário, no dia 12 de março, o
presidente do Sincopetro, José Alberto Paiva Gouveia, reuniu-se rapidamente com
a procuradora da República, Ana Cristina Bandeira Lins, responsável junto ao
Ministério Público Federal pelo Termo de Ajustamento de Conduta (TAC),
relacionado à implantação do S-50 no país. Acompanhado do superintendente de
Abastecimento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
(ANP), Dirceu Cardoso Amorelli, ele propôs que neste período inicial de
comercialização fossem eliminados os 5% de biodiesel da composição do S-50,
garantindo que as especificações do novo diesel se mantivessem inalteradas por
um período maior, e redução do preço de compra desse produto, equiparando-o ao
do S-500, para que fosse competitivo e vendável.



Segundo Gouveia, “ambas as propostas
valeriam até que a venda do S-50 se ampliasse”. A seu ver, o impacto que a
retirada de biodiesel poderia ter no programa destinado à expansão do uso desse
combustível, seria praticamente nulo, já que a venda do S-50 é ínfima.