por Márcia Alves

Embora os preços no mercado de combustíveis sejam liberados, tornou-se prática comum na revenda de combustíveis aplicar um patamar médio de margem sobre a venda dos produtos. Muitos revendedores não têm a exata noção se a margem que praticam está adequada ao porte e aos custos do posto e, em certos casos, alguns ainda enfrentam dificuldades para fechar as contas no final do mês.

Luiz Castro, proprietário do posto Côte D’Azur, do bairro do Tatuapé, em São Paulo (SP), está convicto de que a solução para o equilíbrio financeiro da revenda de combustíveis está na adequação da margem de comercialização aos custos do negócio. Ele adquiriu essa certeza após integrar o grupo de trabalho do Sincopetro responsável pela atualização da planilha de custos.

Desenvolvida pela entidade, a planilha de provisões de despesas tem sido bastante útil aos revendedores para identificar os custos do negócio e precificar corretamente os produtos. Nos moldes de um formulário, a planilha apresenta diversos campos para a inserção dos valores das despesas do estabelecimento, desde o de compra de combustíveis até o de salário dos funcionários, com os respectivos encargos e tributos, resultando no cálculo da margem de comercialização para cada tipo de posto.

“Com a entrada diária do fluxo de capital, alguns revendedores se perdem nas contas e, quando menos esperam, precisam recorrer aos bancos ou às suas distribuidoras para equilibrar as finanças. A planilha existe que para que o revendedor tenha noção da margem mínima adequada sobre os produtos”, diz Luiz Castro. No grupo de trabalho do Sincopetro, ele assumiu a tarefa de promover os ajustes finais à planilha, que será colocada à disposição da categoria no site da entidade.

Evolução da planilha

Em comparação à edição anterior, em vigor há mais de dez anos, a atual planilha de custos tem quase o dobro de campos a serem preenchidos. Luiz Castro, que pertence à nova geração de empresários da revenda, – seu pai está no ramo há 50 anos, dos quais 43 anos apenas no posto do Tatuapé –,  entende que foi necessário adequar a planilha à evolução do comércio de combustíveis. “A atividade mudou muito. Há 25 anos, quando comecei, não eram necessários softwares de gestão, como o que possuo atualmente para gerar e auditar todas as informações fiscais do posto. Além disso, hoje, alguns custos operacionais são obrigatórios”, diz.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, as obrigações dos postos vão desde as laborais, que incluem o curso de brigada e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) e Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), até as específicas de segurança, como Equipe de Pronto Atendimento Ambiental (EPAE) e alvarás de funcionamento dos equipamentos mais as respectivas taxas de inspeção. Já em relação à adequação à legislação ambiental, os custos da eventual troca de tanques e equipamentos e até de reforma do posto podem comprometer a lucratividade do negócio, caso não tenham sido planejados.

Outras despesas também constam em campos específicos da planilha, apesar de serem comuns a apenas uma parcela dos revendedores. Este é o caso, por exemplo, do valor de manutenção do compressor de GNV, que será preenchida apenas pelos estabelecimentos que comercializam esse combustível.  Outro exemplo é o custo de segurança, que alguns postos possuem.

A seu ver, como instrumento de gestão do posto, a planilha eleva a atividade ao patamar de um negócio empresarial ao considerar elementos de administração, que podem fazer a diferença na apuração do lucro. Este é o caso, por exemplo, do campo específico criado para a inclusão do capital de giro, que representa um custo financeiro para posto.

Uma novidade é o campo destinado à inclusão de um valor mensal por determinado período para a reforma do posto. “Se no futuro o posto tiver de trocar tanques, bombas ou tubulações poderá planejar essa despesa, juntando um valor mensal”, diz. Uma novidade é o item “remuneração de fundo de comércio”, que prevê o custo de investimento e retorno no negócio. “O objetivo é mostrar ao revendedor que é preciso considerar o retorno sobre o capital investido durante determinado período”, explica.

Facilidade

Apesar de ter aumentado de tamanho, a planilha é bem fácil de ser preenchida, segundo Luiz Castro. A maioria dos campos não precisa ser atualizada mensalmente. Exceção para uma das abas iniciais, específicas para informações sobre a quantidade e o custo dos produtos adquiridos das distribuidoras, bem como do valor cobrado em bomba. Mas, diferentemente de uma planilha contábil, a que foi desenvolvida pelo Sincopetro não tem o objetivo de apurar o resultado do negócio e tampouco impor um teto para a margem de comercialização. “O objetivo é que o revendedor tenha noção da margem mínima que precisa para cobrir as despesas do posto, mantendo a lucratividade do negócio”, explica Luiz Castro.