por Denise de Almeida


 


Universo desconhecido para muitos, o mundo dos charutos sempre desperta alguma curiosidade. Como escolher e degustar um bom charuto? Qual o melhor charuto do mundo? Por quê há tantos apreciadores? São perguntas freqüentes entre aqueles que desconhecem a arte de degustá-los.


Para Arthur Avedissian, consultor e empresário no segmento de charutos, com experiência de mais de dez anos no ramo, a experiência de degustar um charuto é singular e um bom aprendizado exige paciência e dedicação.


Ele afirma que encontrar o charuto que mais agrada é um processo, e jamais se resumirá a um único exemplar de uma determinada marca. “Para cada ocasião, você encontra um charuto adequado. Uma boa escolha após um jantar pode não parecer tão recomendada após um almoço”, explica. Arthur garante que é justamente nessa diversidade que o prazer de degustar bons tabacos se torna inesgotável. “Pense em como se escolhe um bom vinho e você estará pensando certo com charutos”, resume.


Apreciador de charutos e proprietário da loja Premium Cigars, instalada na Avenida Paulista, em São Paulo, o especialista revela alguns cuidados que devem ser observados para quem deseja se iniciar nesta arte.


“O primeiro passo é escolher uma loja onde você encontrará instalações e atendimento profissionais”, ensina. Segundo ele, uma boa loja de charutos deve possuir um espaço, sala ou armário climatizado, onde são armazenados os produtos, e o interessado não deve ter vergonha de se apresentar e dizer que é um iniciante. Ouvir as observações e ponderações do vendedor, avaliar as informações recebidas e confrontar informações entre lojas e amigos mais experientes pode auxiliar a eleger as lojas e os charutos de preferência.


Quanto à escolha dos charutos, Arthur afirma que os ideais para iniciantes são os mais suaves e de tamanho pequeno. “Os procedentes na República Dominicana costumam ser uma ótima opção para começar, e há algumas opções nacionais que também são interessantes. Resista à tentação dos cubanos no início. São tabacos mais fortes que podem tornar sua experiência inicial não tão agradável”, aconselha. Ele esclarece ainda que, independentemente do país de procedência, o iniciante deve assegurar-se que o charuto seja feito totalmente com folhas inteiras (long-filler).


Com relação a tamanhos, o especialista explica que se pode optar por um petit-corona, que tem aproximadamente 12 cm de comprimento por 1,6 cm de calibre, ou por um robusto, que é um pouco mais grosso, 1,9 cm. E continua sua aula: “Escolhido o charuto será necessário cortá-lo”.


Entre os instrumentos para se cortar um charuto, os mais habitualmente usados são as guilhotinas, as tesouras e os furadores, e o corte consiste em retirar uma pequena fatia da cabeça do charuto ou fazer um furo para que a mesma permita a passagem do ar e da fumaça produzida na degustação. A ponta que vai à boca é fechada pelo acabamento da capa e sem abri-la não haverá fluxo de fumaça.


Feito o corte vem o ritual de acendimento, o qual, segundo Arthur, também é um passo importante. “O bom acendimento consiste em queimar uniformemente o pé do charuto (ponta oposta a que é levada à boca) e permitir a queima do tabaco através da puxada que se faz pela extremidade cortada”, esclarece. “Não use isqueiros, há fluídos que podem passar odor e sabor ao seu charuto. Dê preferência aos isqueiros do tipo maçarico, a gás butano”, diz.


Ele revela ainda que, além dos isqueiros existem palitos de fósforos longos, próprios para o acendimento de charutos e que até mesmo lascas de cedro que vêm nas caixas de charutos podem ser usadas para o acendimento.


Finalmente, chega o momento da degustação, que deve ser feita puxando a fumaça até a boca, saboreando-a e em seguida soltando-a sem tragá-la. “A partir daí, você terá, então, comprado o seu ingresso para esse universo tão rico e prazeroso que é degustar charutos”, completa.