por Denise de Almeida
A história do tênis no Brasil está intimamente ligada à do futebol. Assim como o esporte mais popular do país, o tênis chegou ao Brasil no final do século XIX, pelas mãos dos trabalhadores ingleses da São Paulo Railway e da Light, que vieram implantar os serviços de ferrovia, força e luz. Foram eles que trouxeram raquetes e bolas, fundaram o São Paulo Athletic Club e lá construíram as primeiras quadras. O São Paulo Athletic Club também é o berço do futebol no Brasil.
Inicialmente praticado como lazer e convívio social (os primeiros torneios só aconteceram em 1904), o tênis, por definição, é um esporte jogado com uma raquete e uma bola por dois (como em simples) ou quatro (como em duplas) competidores, em uma quadra retangular dividida por uma rede, cujo objetivo é fazer com que a bola atravesse a quadra adversária.
Entretanto, a despeito das regras e da complicada contagem de pontos (veja box), é um esporte encantador. É possível jogar tênis em quadras feitas em saibro ou de piso duro. As quadras de saibro são mais lentas e permitem que o jogador deslize por elas indo de encontro à bola. As duras demandam mais esforço e agilidade uma vez que imprimem uma velocidade maior à bola devolvida ou sacada pelo adversário. A maioria dos clubes brasileiros oferece quadras de tênis aos seus associados, mas se você não tem um clube para jogar pode optar por alugar quadras.
Os campeões
O Brasil teve seu primeiro campeão do estado de São Paulo em 1913: Maercio Munhoz, do Paulistano, que em 1930 fundaria a Sociedade Harmonia de Tênis. De lá pra cá, grandes estrelas circularam entre os melhores do mundo: Thomas Koch, Carlos Alberto Kirmayr, que participou da equipe brasileira da Davis por mais de dez anos e esteve entre os 50 melhores tenistas do mundo, e Luiz Mattar, que, junto com Cássio Motta, Fernando Roese e, depois, Jaime Oncins, formaram uma das equipes brasileiras mais fortes da Copa Davis, chegando à semifinal do grupo mundial em 92.
No feminino, além da grande Maria Esther Bueno, Patrícia Medrado e Niége Dias também colocaram o tênis brasileiro no cenário mundial.
Em 1996, contudo, o tênis brasileiro começou um novo capítulo de sua história com o catarinense Gustavo Kuerten. O até então juvenil, alto e desengonçado, subia rapidamente no ranking mundial e surpreendeu o mundo quando levantou a taça de Roland Garros em 1997. No ano seguinte, sentiu a pressão e não chegou a repetir suas performances. Mas em 1999, mais maduro, voltou a subir e, em 2000, levantou pela segunda vez o título de Roland Garros.
Com todo esse talento e sucesso, alguns críticos ainda insistiam no fato de que faltava ao brasileiro convencer nos pisos rápidos, já que não tinha nenhum título. Em Indianápolis, ele faturou o primeiro título nesta quadra e, para calar de vez a boca de seus críticos, no final de 2000, conquistou o título do Masters de Lisboa, ganhando no carpete dos norte-americanos Pete Sampras e André Agassi.
O título de Roland Garros viria novamente para suas mãos em 2001, o consagrando como um dos grandes campeões na história do esporte. Aliás, Guga é hoje o único jogador em atividade com três títulos em Roland Garros. Na história da competição está atrás apenas de Bjorn Borg (6) e empatado com Ivan Lendl e Mats Wilander.
Ao todo, ao longo de sua carreira, Guga conquistou mais de 20 títulos, tendo sido eleito, por três anos consecutivos (1999, 2000 e 2001), o melhor atleta do Brasil, além de jogador do ano pela ATP e ITF em 2000.
Despedida
No início do ano, entretanto, o ídolo anunciou sua precoce aposentadoria. Procurado pela nossa reportagem, através de sua assessoria informou que não está concedendo entrevistas pessoais em função da agenda lotada. Mas, em suas entrevistas coletivas a última em 5 de março, que marcou o lançamento do Aberto de Tênis de Santa Catarina Guga anunciou que este é o último torneio oficial que disputa no Brasil.
No calendário internacional da Turnê de Despedida, o atleta ainda disputa o Open de Miami, o Masters Series de Monte Carlo, o Masters Series de Roma ou Hamburgo. E, para o seu grand finale, em maio, Guga disputa torneio mais importante sobre o saibro do mundo, o Grand Slam de Roland Garros, em Paris.
"Jogue tênis todo dia, com saúde e alegria"
Essa é a frase de Guga. Segundo ele, a primeira regra do tênis é jogar sempre com alegria e curtindo muito o que está fazendo. Se você está começando a jogar, não inicie no tênis pensando em virar profissional. Tem que primeiro ver se gosta mesmo disso, declara em seu portal na Internet (www.guga.com).
E, para quem curte o tênis, o atleta também dá dicas que podem ajudar no seu jogo. Cada jogador tem um estilo próprio de jogar, por isso, é difícil dar uma dica de como bater um golpe, por exemplo. O Larri, meu técnico, sempre diz que todos os meus golpes, menos o saque, foram moldados na observação de outros tenistas.
Com um saque que atinge 212 km/h, Guga revela que o saque tornou-se fundamental. Quando estou em Florianópolis me preparando para os torneios, chego a sacar 200 vezes por dia. Além disso, segundo ele, é importante ter um jogo versátil, para que você possa competir em todos os tipos de quadra.
Guga lembra ainda que, em quadra, cada um tem um comportamento diferente, mas é sempre importante respeitar o adversário e não passar dos limites, diz.
Contando os pontos
Game - O primeiro ponto vale 15; o segundo, 30; o terceiro, 40; e o quarto encerra o game. Se os dois tenistas empatarem o game em 40 a 40, vence o game quem fizer dois pontos seguidos.
Set - O primeiro tenista que vencer seis games, com diferença de dois ganha o set. Caso o jogo empate em 5/5, vai a 7. Se os dois empatarem em 6, a decisão vai para o tie-break.
Tie-break - Cada jogada vale um ponto. O primeiro tenista saca uma vez e depois eles vão alternando dois saques para cada um. Quem chegar a sete pontos primeiro, com diferença de dois, ganha o desempate. Caso fique 6/6 ganha quem fizer dois pontos de diferença primeiro.
Ganha o jogo quem fizer primeiro dois sets, ou três, em caso de torneios como Grand Slams, finais de Masters Series e Copa Davis.