por Denise de Almeida


 



A produção de cervejas no Brasil cresce a cada dia, e seu consumo está diretamente associado aos dias mais quentes do ano. Contudo, os consumidores que apreciam bebida de qualidade têm hoje, no país, uma variada gama de opções, inclusive de cervejas artesanais, fabricadas em microcervejarias.    


Mas, cervejas não são todas iguais? Definitivamente não. Há especialistas que arriscam dizer que ela é como vinho e deve ser apreciada como tal, já que sua variedade é infinita: com maior ou menor teor alcoólico, visualmente cristalina, opaca ou turva; adocicada, cítrica ou amarga; gelada ou na temperatura ambiente.    


Datada de 6 mil anos, especula-se que os sumérios a consideravam uma bebida divina e a ofereciam aos seus deuses. Hoje, a cerveja tem muitas qualidades e diversificações.      


     


Família Lager ou Ale?    


     


As cervejas se caracterizam por ‘famílias’ e podem ser classificadas pelo tipo de fermentação, em dois grandes grupos – as Ale (cervejas de alta fermentação) e as Lager (cervejas de baixa fermentação) – com seus diversos subgrupos, “havendo mesmo algumas cervejas que não se encaixam bem em nenhum deles”, afirma o mestre cervejeiro Daniel Hoffman.      


Segundo sua descrição, as cervejas do tipo Ale, além da alta fermentação, geralmente são mais encorpadas e vigorosas e de paladar frutado. Entre elas estão as Barley Wine, Bitter, Blonde e Brown Ale, Indian Pale Ale, Strong, Mild e Pale Ale, Porter e Scottish Ale.           


Exemplos de Ale: Weizenbier, Weissbier ou Weisse, cervejas de trigo, geralmente não filtradas; Stout, cerveja escura de médio/alto amargor a base de malte tostado; Trapista, feita pelos monges trapistas belgas; e Glühbier, do alemão Glüh (incandescente) mais Bier (cerveja), cerveja que deve ser colocada em banho-maria.     


As Lager, ao contrário das Ale, são cervejas de baixa fermentação, normalmente douradas e filtradas (apesar de haverem variações escuras) e são mais comuns. No Brasil, 75% das cervejas são do estilo Lager e representam, aproximadamente, 90% do total de vendas, segundo o portal Cervejas do Mundo.       


Nascida na Baviera, no século XIX, sua principal diferença para o que se utilizava à época no resto da Europa era o fato de o seu depósito ficar no fundo após a fermentação, ao contrário das Ale, cujo resíduo subia ao topo.         


Do desenvolvimento e aperfeiçoamento das Lagerbier nasceram a Pilsener, American Dark Lager, American Macro Lager, Bock, Bohemian Pilsner, Califórnia Common, Classic German Pilsner, Doppelbock, Dortmunder, Dunkel, Premium Lager, e inúmeras outras, que variam de acordo com a região e o modo como é fabricada.         


Exemplos de Lager: Pilsen, cerveja clara, filtrada, de leve amargor, original da cidade de Pensem; Malzbier, cerveja escura e adocicada, feita a base de malte caramelizado; e Bock, cerveja avermelhada, com teor alcoólico perto de 6%.        


           


Com o copo em mãos          


           


Segundo Hoffman, uma vez escolhida a cerveja, para poder saboreá-la à maneira que o mestre cervejeiro imaginou, o ideal é ter o copo correspondente da cerveja, o que faz com que existam centenas de copos  de centenas de marcas. Por vezes, tal tarefa torna-se fácil, já que as melhores cervejas costumam indicar no rótulo qual o copo que deve ser utilizado para aquela bebida. Mas, sobretudo, ele deve ser limpo e claro, sem qualquer resíduo de detergente, livre de aromas fortes e absolutamente muito bem enxaguado. “O resíduo de detergente não deixa que a espuma se forme, processo vital para manter a temperatura da bebida”, ensina.          


Mas, para além do tipo de copo, há outros aspectos. O principal deles é a própria cerveja. “Quanto mais ‘nova’, ou seja, mais próxima da data de fabricação, melhor”, garante. O conceito de ‘estupidamente gelada’ também não se aplica, segundo o mestre. “A não ser que você esteja degustando uma cerveja ruim, ou aquela cerveja caseira que seu primo está há dias elaborando no quintal de casa, a temperatura deve estar entre 5º e 8º C”, brinca.             

Finalmente, há de haver a maestria na hora de servir. Ao final, o seu copo de cerveja deve estar com uma espuma bem formada e compacta, com copo servido até a boca. Agora é só apreciar com moderação.