por Cristiane Collich Sampaio


 



Se o governo Collor trouxe benefícios para o país, um deles, certamente, foi o da liberação das importações de vinho. O enólogo Aguinaldo Záckia Albert, criador do site Degustadores Sem Fronteiras e ex-presidente da Sociedade Brasileira dos Amigos do Vinho (Sbav-SP), conta que, a partir do início da década de 90, muitas pessoas que não tinham o hábito de beber vinho acabaram aderindo à bebida. “Os vinhos alemães de garrafa azul, docinhos e de baixa qualidade, mas fáceis de beber, tiveram o mérito de iniciar muitos no vinho”, revela.


Aguinaldo afirma que, embora pareça paradoxal, o vinho brasileiro foi favorecido pela livre importação, já que os produtores locais foram obrigados investir em qualidade para poder disputar o mercado. Ainda que esta tenha melhorado muito, a concorrência com os estrangeiros continua acirrada. “Nosso vinho é muito onerado por impostos e o preço dos equivalentes importados, principalmente do Chile e da Argentina, é geralmente menor. Os espumantes nacionais, no entanto, vendem muito bem e ganharam a preferência do público, graças a sua qualidade superior e a seus bons preços”, comenta.


 


Só presta se for importado. Será?


 


Mas, infelizmente, ainda há muito preconceito envolvendo o vinho brasileiro. “Minha experiência mostra que, em restaurantes, mesmo quando os bons vinhos nacionais estão na carta – e com bons preços –, eles são preteridos diante dos importados; qualquer dono de restaurante pode confirmar isso”, destaca.


Talvez a alta tributação, aliada à pouca divulgação desses produtos, diversamente do que acontece com as marcas estrangeiras. O fato é que os bons vinhos brasileiros são pouco conhecidos entre os consumidores internos, embora, como lembra o enólogo, “hoje algumas empresas têm boa presença no mercado internacional, como a Miolo e a Salton, por exemplo”.


Ao relacionar os melhores, mesmo receando esquecer alguns, o especialista – que também é professor do curso de pós-graduação em Negócios do Vinho da Universidade SENAC e autor de vários livros – destaca alguns de tradicionais casas viticultoras do Sul, citando, suas preciosidades brancas, tintas e espumantes: Salton: Talento, Desejo e Espumante Evidence; Miolo: Lote 43, Terroir Merlot, Sesmaria, Quinta do Seival e Espumante Millesime; Casa Valduga: Casa Valduga Reserva e Espumante 130; Pizzato: Merlot Pizzato; Chandon: Espumante Excellence, Chandon Brut e Chandon Brut Rosé; Cave Geisse: Espumante Cave Geisse, entre outros. A única casa citada que não é gaúcha é a Villa Francioni, de Santa Catarina, da qual ele destaca o Villa Francioni Chardonnay, o Villa Francioni Sauvignon Blanc e o Joaquim (tinto).


Além dos distribuidores dedicados, os vinhos citados ainda podem ser encontrados, segundo Aguinaldo, em lojas de bebidas finas, não ligadas a importadoras, como a Casa Santa Luzia e o Empório Frei Caneca, em São Paulo (SP), e, ainda, nos supermercados premium.


Apesar de a maioria dos restaurantes optar por oferecer somente os nacionais mais populares, alguns possuem em suas cartas seções amplas destinadas ao vinho brasileiro. Entre estes, vale destacar o Innominato Osteria, pequeno e simpático restaurante da capital paulista, de gastronomia italiana tradicional e contemporânea.


 



Serviço


· Degustadores sem Fronteiras:


   www.degustadoresemfronteiras.com.br;


· Casa Santa Luzia:


   www.santaluzia.com.br;


· Empório Frei Caneca:


   www.emporiofreicaneca.com.br;


· Innominato Osteria:


   http://innominato.com.br.