por Denise de Almeida


 



Quando em 1903, os irmãos Arthur e William Davidson e seu amigo Bill Harley inventaram uma bicicleta reforçada com motor de 3HP na pequena cidade de Milwaukee, em Wisconsin, nos EUA, não imaginavam que, menos de um século depois, sua criação viraria sinônimo de aventura, liberdade e utopia de milhares de pessoas ao redor do mundo.  


Hoje, a máquina que leva o sobrenome dos três amigos virou um ícone americano, foi tema de inúmeros livros, protagonista de vários filmes no cinema e ainda marca presença em eventos de luxo que nem sempre fazem parte do universo das duas rodas, como em uma mostra de arquitetura, onde uma moto modelo Deluxe foi incorporada à decoração.  


A Harley-Davidson tornou-se uma lenda, e, de ‘cult’ passou a ser objeto de desejo das massas. Nos EUA, são sete categorias, disponíveis em 32 modelos diferentes. Aqui no Brasil, o sonho restringe-se a cinco famílias, distribuídas em 16 modelos, cujos preços variam de R$ 28 a R$ 72 mil.  


O ‘brinquedinho’ não é barato, e, tecnicamente falando, segundo Alexandre Rodrigues, diretor de um dos chapters do motoclube Harley Owners Group (HOG) em São Paulo, uma Harley não se compra pela cilindrada ou pela tecnologia. “O que se destaca em uma HD são os acabamentos muito bem feitos e a quantidade de acessórios disponíveis para a personalização”, explica. Proprietário de uma Fat Boy, Alexandre ressalta que não existe uma moto da marca igual à outra. Todas já saem da loja com algum tipo de customização. “Dizia-se, no passado, que, para cada dólar ganho com a venda de uma HD, arrecadava-se U$ 10 com acessórios”, conta.  


Também parte do universo de ‘harleiros’, Paula Bavaresco, esposa de Alexandre e proprietária de uma Deluxe, completa: “uma das grandes diversões de se ter uma HD, é que tudo pode ser customizado”.  


Mas, afinal, por que é assim tão apaixonante? É Paula quem responde: “Se você é um alpinista, seu maior sonho será subir o Everest. Ou, se você trabalha em uma empresa que gosta e admira, seu sonho será ser o seu presidente um dia. Então, é bem assim. Ter uma HD é o topo da realização de um sonho em duas rodas”, diz. “As pessoas cada vez mais tentam entender porque compramos uma moto antiquada, difícil de guiar, que faz curva com a traseira pulando e não passa de 160~180 km por hora. Simples: porque é uma Harley. A única marca de motos que as pessoas tatuam no corpo”, exalta.  


De fato, as motocicletas Harley são um símbolo. Sinônimo de rebeldia e liberdade. De motoqueiros sem destino a famílias de classe média, todos, quando sobem em suas motos, têm o mesmo desejo: cair na estrada.  


Por isso, uma das funções do Harley Owners Group é organizar passeios entre os harleiros. Mundialmente conhecido e presente em diversos países, no Brasil, o HOG conta com mais de 80 mil associados, divididos em chapters, localizados em São Paulo, Campinas, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. Cada um deles é responsável por promover os encontros em sua região.  


Alexandre, que responde por um dos três chapters de São Paulo, explica que são basicamente dois tipos de passeio, o B&V (bate e volta) onde os harleiros circulam em um raio de até 200 km; e o B&F (bate e fica), mais raro, e que pode durar mais de um dia. A tarefa não é remunerada. Os diretores definem o local, fecham preço, organizam estacionamento e a ida com o carro de apoio da concessionária.  


E durante os passeios, o que discutem? “Moto, moto e mais moto. E depois, acessórios”, diz Paula, lembrando que muitos também dão dicas de viagens que fizeram em suas Harley, como foi o caso de Paula e Alexandre, que fizeram a Route 66 em 2007, mas até hoje há quem pergunte como foi. E falando sobre o seu relacionamento, o casal afirma que foi a moto que os uniu 11 anos atrás. “Um dos motivos que me fez paquerar o Alexandre foi o fato de ele ter uma moto, na época uma DT”, graceja.   


  


  



A marca em números*  


  


Hoje, a Harley-Davidson tem presença global. Produz, em média, 280 mil motocicletas por ano, divididas em 32 modelos diferentes distribuídos em 1.550 pontos de vendas. Emprega mais de 10 mil funcionários e, além de motocicletas (80% do faturamento), a marca comercializa roupas e acessórios (5% do faturamento).  


Em janeiro de 2010 seu valor de mercado era de US$ 5,9 bilhões e, em 2009, o valor de sua marca foi calculado em US$ 4,337 bilhões. Nos Estados Unidos, muitas das polícias estaduais têm enormes frotas de Harley-Davidson.  


Uma curiosidade sobre a marca que envolve o Brasil, a primeira fábrica da marca fora dos Estados Unidos foi aberta em Manaus no ano de 1998.  


  


 *Fonte: http://mundodasmarcas.blogspot.com