por Cristiane Collich Sampaio

O desenvolvimento da tecnologia da informação (TI) vem se acelerando vertiginosamente, e, ainda assim, a tendência é que ocorram mais mudanças nos próximos três anos do que as que ocorreram na última década.

Essas são as previsões de Leonardo Wascheck, diretor de TI da Intercamp Sistemas, empresa de software especialmente dedicada a postos de combustíveis. Segundo ele, “no Brasil, a automação comercial ficou muito focada na adaptação dos sistemas fiscais promovida pelos governos, mas isso tende a mudar nos próximos anos, também no setor de revenda de combustíveis”.

Ele relata que o varejo foi um dos últimos segmentos a serem obrigados a emitir NF-e, enquanto que o Sped Fiscal, que ainda é facultativo em parte dos estabelecimentos do país, só entrará em vigor no estado de São Paulo em julho próximo. “Por isso, ainda existe um grande trabalho de implantação destes sistemas e de treinamento de usuários a ser desenvolvido este ano.”

As legislações são muitas. Entre as obrigações estão: Sintegra, GRF/GAM, LMC, Nota Fiscal Paulista, PAF-ECF, NF-e, Sped Fiscal e Sped Contábil. “Com a implantação destas novas regras o posto será obrigado a se organizar, mudar a cultura e a forma de trabalho, com consequências diretas sobre a gestão da empresa”, comenta, recomendando que revendedores e funcionários de postos recebam treinamento prévio, especialmente quanto ao Sped Fiscal, para que não tenham problemas na operação e com a fiscalização.

Trocando em miúdos

O Sped Fiscal será exigido nacionalmente de todas as empresas. Já o chamado Bloco 1 do Sped Fiscal contém registros que devem ser apresentados unicamente pelos postos. O diretor da Intercamp explica que entre as informações contidas nesse bloco encontram-se a demonstração de perdas e ganhos do estoque de combustível, medições físicas dos tanques, vendas registradas nos totalizadores das bombas, aferições e intervenção técnicas nas bombas. “Muitos desses dados constam no atual Livro de Movimentação de Combustíveis (LMC), mas, pelo novo sistema, há maior detalhamento quanto às intervenções técnicas realizadas nos equipamentos de medição, como número dos lacres, CPF do interventor e CNPJ da empresa responsável pelo trabalho.”

Apesar de a entrega do bloco ainda não ser obrigatória, Leonardo diz que os arquivos gerados podem ser enviados aos contadores, para que o lançamento do LMC possa ser integrado à contabilidade do posto, simplificando o trabalho de digitação.

Como garantia de estar adquirindo o programa fiscal e/ou contábil adequado, ele recomenda que os empresários busquem empresas homologadas junto aos órgãos fazendários, cuja relação é divulgada no site de cada secretaria de estado.

Ele lembra, ainda, que cada programa aplicativo fiscal do emissor de cupom fiscal (PAF-ECF) deve possuir um laudo, emitido por instituto autorizado pelo Governo, o qual precisa ser renovado a cada ano. Após a obtenção desse laudo nacional, a empresa desenvolvedora deve se cadastrar no estado em que estão seus clientes, sem o que não poderá instalar seu sistema naquele estado.

Uma nova era

Segundo Leonardo, o setor precisa mudar a maneira como encara a automação comercial, passando a utilizá-la como uma eficiente ferramenta de gestão empresarial e de relacionamento com o cliente, como já ocorre em muitos postos. E há novidades a caminho.

Com base nas inovações expostas em grandes feiras internacionais, realizadas recentemente nos EUA, ele fala do que está por vir. “As apostas para o futuro são mobilidade e redes sociais. No quesito mobilidade podemos destacar a migração do uso de microcomputadores e notebooks para smartphones e tablet; os próprios checkouts (PDV, ou ponto de vendas) migrarão para essas tecnologias.”  Ele constata que, hoje, empresários de sucesso no varejo de combustíveis não são meros expectadores; buscam produtos e serviços modernos que venham a atender à necessidade de rapidez e praticidade da nova geração de consumidores, a chamada geração “Y”, multimídia, que desponta também no Brasil.