por Márcia Alves


 


Na hora de apurar o resultado do negócio, alguns empresários sofrem porque não conseguem chegar aos números esperados. Na operação básica de contabilizar a diferença entre receitas e despesas, a maioria descobre que parte do capital parece ter desaparecido pelo caminho. Dora Ramos, responsável pela Fharos Assessoria Empresarial, aponta que o erro está em “misturar as contas pessoais com a empresarial”. Contadora há 20 anos, ela diz que tal prática é responsável por cerca de 60% da mortandade de muitos empreendimentos.  


 


“O problema é que, muitas vezes, o pró-labore, como é conhecida a remuneração do trabalho realizado pelo proprietário da empresa, é utilizado de maneira abusiva ou, até mesmo, ingênua”, afirma. A falta de capital de giro disponível ou a baixa lucratividade do negócio são conseqüências disso, segundo ela. Mas, como determinar, de maneira justa, o próprio salário, separando os gastos pessoais dos gastos da empresa? Dora diz que uma maneira é pesquisar no mercado a média salarial de um profissional que desempenha as mesmas funções. “O empresário deve considerar, ainda, sua própria experiência e qualidade no desempenho das atividades”, orienta.


 


Outra importante dica da contadora é elaborar uma lista, relacionando todos os gastos pessoais, como prestações, contas a pagar, cartões de crédito, escola dos filhos, lazer, alimentação etc. A soma deve ser considerada como o valor mínimo do pró-labore. Mas, o empresário também deve se perguntar se o valor do salário apurado é compatível com a receita do estabelecimento. “Caso não seja, talvez ele tenha de rever seus gastos”, avalia.


 


Cair na tentação de elevar seus vencimentos, mediante um aumento da lucratividade do empreendimento é um erro, na opinião de Dora. “Quando a empresa atingir um certo nível de lucratividade estável durante um período, então esse aumento por ser efetuado”, aconselha. “O empresário precisa ter consciência de que os valores recebidos pela empresa não lhe pertencem”, diz. Para que a remuneração esteja aliada ao crescimento da empresa, a contadora diz que é preciso identificar, com neutralidade, quanto vale o esforço do empresário dentro de sua própria organização.