por Denise de Almeida


 


Embora os biocombustíveis sejam uma grande alternativa social e econômica, o atual B5 (5% de biocombustível adicionado ao óleo diesel) tem deixado todos os setores envolvidos em estado de alerta. Oriundo de diferentes matérias-primas e diversos processos de fabricação, o biodiesel brasileiro peca pela falta de qualidade, segundo Sérgio Cintra, diretor da Metalsinter, empresa líder de mercado na produção e venda de equipamentos filtrantes para óleo diesel.  


Ele explica que as impurezas do processo produtivo, problemas de transporte, armazenamento, mistura e essa diversidade na origem e fabricação do biocombustível, quando combinadas, geram subprodutos “inimagináveis”, os quais, aliados ao seu inerente poder higroscópico de absorver água, criam microorganismos que aceleram a degradação do produto, formando então a conhecida ‘borra do diesel’, que corrói e destrói sistemas e provoca o maior desgaste dos equipamentos.  


Enquanto espera a solução, o revendedor deve assumir que possui um combustível ruim e que a alternativa é promover uma mudança cultural em sua administração. “No biodiesel, a regra é clara: parou, contaminou”, esclarece o diretor. “Então, o gerenciamento dos estoques deve ser muito mais eficiente”, ensina.  


Sérgio revela que há estudos que mostram que, entre 24 e 48 horas tem início o processo de deterioração e oxidação do diesel. Por isso, ele não pode ficar armazenado por longos períodos, nem no tanque do posto, nem no tanque do veículo. “Se o combustível ficar parado, circular o produto é a única maneira de renová-lo e retirar as contaminações”, diz.


Para prevenir, a dica do especialista é que o revendedor, além de manter os filtros em perfeitas condições de funcionamento (se possível usando os que retêm água), mantenha os estoques de biodiesel continuamente baixos, para assegurar que o produto esteja sempre novo e, portanto, isento de contaminação.  


Os tanques também devem ser constantemente drenados ou filtrados e a atenção aos filtros da linha do abastecimento deve ser prática habitual. Sérgio destaca que o revendedor deve dar preferência aos meios filtrantes coalescentes, que separam a água do combustível, permitindo seu descarte.  


A seguir, o especialista sugere algumas ações para o revendedor e para o seu cliente.  


  


Maximizando o seu biodiesel   


  


§ Antes de descarregar o produto, verificar uma amostra do biodiesel observando se está absolutamente limpo, sem qualquer sinal de turbidez e/ou corpos estranhos em suspensão; 


§ Guardar amostra-testemunha de cada carregamento; 


§ Fotografar a amostra, pois com o tempo a amostra vai degradar também; 


§ Manter os estoques baixos para assegurar que o produto esteja sempre novo; 


§ Manter os filtros em perfeitas condições de funcionamento, se possível usando os que retêm água, já disponíveis no mercado; 


§ Limpar e drenar os tanques periodicamente para evitar o acúmulo de borra e particulados; 


§ Se o posto ficar sem movimento por um período longo, como em uma noite muito fria, por exemplo, deve-se circular um pouco do produto através da bomba para ‘esquentar’ a linha de abastecimento.  


  


Dicas para o seu cliente  


  


§ Pelo menos durante o inverno, dar preferência ao diesel/biodiesel aditivado, cuja composição dá maior estabilidade ao combustível e retarda os efeitos negativos da autocontaminação, além de aumentar o rendimento do motor; 


§ O caminhão deve ‘dormir de barriga cheia’, ou seja, estar sempre com combustível. Um tanque cheio respira menos ar (com água e poeira) com as variações de temperatura. Porém, deve ser consumido rapidamente; 


§ Exigir biodiesel filtrado, levando em conta que o equipamento filtrante deve ser de qualidade e estar adequado; 


§ Limpar e drenar o tanque do veículo com freqüência.