por Denise de Almeida

O brasileiro é um dos povos mais criativos e empreendedores do mundo.  E sua ousadia para descobrir e investir em novos negócios pode gerar, de fato, muito dinheiro.  No entanto,  para fazer uma empresa funcionar e ganhar espaço no mercado,  além do capital, é preciso muito planejamento e, na maioria das vezes, uma sociedade.  Seja com um amigo,  um total desconhecido ou alguém da família,  essa parte do processo pode levar uma boa ideia à falência, caso não seja definida e estabelecida com racionalidade e cautela.  

Entre empresários de sucesso,  as dicas para evitar confusões vão desde “nunca deixar cunhados entrarem na empresa”,  a “não gritar uns com os outros”.  Já as recomendações dos consultores giram sempre em torno de três palavras-chaves:  conversar, planejar e separar.

Para João Marcos Varella, consultor do Núcleo de Empreendedorismo da DBM Brasil,  a escolha dos sócios deve ser feita não somente pelo capital,  mas pelas habilidades. Não adianta dinheiro sem espírito empreendedor e postura gerencial.  Para ele, muito antes de colocarem a mão na massa,  os sócios devem fazer um acordo – escrito, assinado e registrado em cartório –  para definir o grau de dedicação, remuneração e as atribuições de cada membro.  “É fato que muitos dos desentendimentos acontecem por falta dele",  garante.

Especificamente no caso dos postos de combustíveis,  quando o negócio não vai para a frente,  é comum a alegação de que há concorrência em demasia.  "O fato de os sócios não se darem bem nem sempre é o motivo mais citado, mas, normalmente,  é o que mais faz ruir uma parceria",  revela João Marcos.

Para Eduardo Munhoz da Cunha,  advogado do escritório Katzwinkel e Advogados Associados,  além de estabelecer limites e políticas de governança coorporativa,  os cuidados devem ser redobrados em empresas familiares, onde as dificuldades costumam ser bem maiores.  “Nessas situações, os conflitos misturam-se com problemas familiares e o mais indicado é profissionalizar a gestão”, afirma.  “Não colocar parentes sem preparo no negócio e entender que a empresa não é apenas uma fonte de renda também são aspectos fundamentais”, afirma.  Da mesma opinião, Varella dispara:  "Não se contrata alguém que não se pode demitir.  Se o filho do seu sócio não faz um bom trabalho, você não pode dispensá-lo",  explica.

Aliás,  pesquisa realizada pela consultoria especializada em transição de gerações Hoft,  o principal motivo para que as empresas desapareçam são os conflitos não resolvidos, os quais ocorrem principalmente em empresas cujas diretrizes não estão bem definidas.   “Acreditar que as diferenças na gestão podem ser resolvidas com o tempo, não é o caminho mais indicado para os empresários”, asseguram os consultores.  "Por este motivo, o acordo é tão necessário”, dizem.

Segundo os consultores,  para que a sociedade dê bons frutos é preciso que cada sócio seja remunerado de acordo com suas competências, demandas e esforços.  “Se as regras ficarem bem estabelecidas, na hora do aperto todos saberão qual solução tomar",  completam.