Quem já esteve no Mercadão sabe: não há quem não ceda à tentação e cometa o pecado da gula ao passear por suas barracas. Que pobre mortal consegue resistir a tais apelos visuais, ao paladar e ao olfato: vegetais fresquinhos; especiarias, queijos, frios e acepipes de todas as procedências; bacalhau salgado; frutas frescas, secas e confeitadas; doces, vinhos e bebidas de nacionalidades diversas. E, ainda, às suas duas marcas registradas, de dar água na boca só de lembrar: o sanduíche de mortadela do Bar do Mané e o pastel de bacalhau do Hocca Bar, dois pontos tradicionais do mercado, ali instalados, respectivamente, desde 1933 e 1952.


Gourmets e donas de casa se misturam cotidianamente a catadores de latinhas, vendedores de bilhetes de loteria, estudantes e turistas, nacionais e importados, nessa Babel tupiniquim, em que todas as raças e credos convivem harmoniosamente (apesar da acirrada concorrência) há quase oito décadas.


 


A retomada da pose


 


Hoje restaurado, o Mercado Municipal Paulistano – ou simplesmente Mercadão – é considerado como um dos principais monumentos da arquitetura paulista tradicional, com destaque para os famosos vitrais do russo Conrado Sorgericht Filho, que retratam o desenvolvimento rural do estado. Mais que um armazém, é um verdadeiro centro gastronômico, em que são movimentadas entre mil e 1,2 mil toneladas de alimentos por dia e pelo qual transitam, por semana, aproximadamente 220 mil pessoas. Além de seus cerca de 300 boxes, no novo mezanino – criado na reforma de 2004 – o visitante encontra uma praça de alimentação com diversos bares e restaurantes. No salão de eventos, criado para as novas funções do antigo mercado, desenvolvem-se atividades culturais, como cursos de gastronomia, exposições etc.


No último dia 25 de janeiro, este ancião completou seus 76 anos. Mas, integrado à 5ª Virada de Aniversário que marcou os 455 anos da capital paulista, mostrou que ainda tem muito fôlego. Para a comemoração, que começou na véspera e teve como tema Tributo ao Samba de São Paulo, contou com apresentações de samba, chorinho, serenata e dança, entre outras atrações.


 


Ascensão, queda e revitalização


O projeto original, em estilo neobarroco, leva a assinatura de Francisco Ramos de Azevedo (a mesma que está no Teatro Municipal e no Palácio das Indústrias) e de Felisberto Ranzini. Sua construção foi quase que uma exigência dos “barões do café”, que desejavam que a cidade tivesse um estabelecimento a sua altura, ou seja, de Metrópole do Café.


Erguido numa área de 12 600 m2, em meio aos jardins das margens do Rio Tamanduateí, uma das mais importantes vias de chegada das mercadorias à cidade – do interior do estado e do Porto de Santos –, este grande entreposto teve suas obras concluídas em 1932. Porém, em decorrência da Revolução Constitucionalista, serviu inicialmente como depósito de armamentos, tendo sido inaugurado somente no ano seguinte, no dia do aniversário da cidade, 25 de janeiro. Em 1933, São Paulo possuía um milhão de habitantes.


Com a construção do (hoje) Ceagesp, na década de 60, o velho mercado entrou em decadência. Em 1973, cogitou-se de sua demolição, mas o edifício foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do estado (Condephaat). Somente em 2004 foi alvo de ampla restauração, que manteve suas características originais, mas requalificou as instalações e seu papel na vida da cidade.


 


 



Serviço


Horário de Funcionamento: de segunda a sábado,


das 7h às 18h; domingos, das 7h às 13h.


Endereço: Rua da Cantareira, 306 – Centro


(próximo à Rua 25 de Março e ao Metrô São Bento)


Tel.: (11) 3328-0673


www.prefeitura.sp.gov.br


www.mercadomunicipal.com.br