por Cristiane Collich Sampaio


  


Ao se passar defronte ao Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, a construção grandiosa acaba por desviar a atenção de outro importante monumento paulistano, instalado do outro lado da Av. Morumbi: a Fundação Maria Luisa e Oscar Americano.


Escondida no meio do parque que abrange uma área de 75 mil m2, a sede da fundação não é visível da rua; o cidadão desavisado, de passagem pelo local, nem suspeita dos tesouros artísticos e naturais ali encerrados.


Em março de 1974, a residência em que viveu a família Americano por 20 anos foi transformada em fundação e – após a conclusão dos trabalhos de readequação, que duraram seis anos – doada à cidade de São Paulo, juntamente com o parque e uma infinidade de obras de arte. A iniciativa partiu do proprietário, o engenheiro Oscar Americano, e dos filhos, em memória de Maria Luisa Ferraz Americano, esposa e mãe, falecida dois anos antes.


Os projetos arquitetônicos do parque e da casa foram concebidos em estilo modernista, por Otávio Augusto Teixeira Mendes, que também assina o projeto paisagístico do Parque do Ibirapuera, e Oswaldo Arthur Bratke, um dos expoentes da arquitetura residencial paulista. Na área externa, aproximadamente 25 mil árvores – entre as quais paus-ferro, paineiras, paus-brasil e jacarandás – dividem o terreno com pés de café, arbustos e outras espécies nativas da flora brasileira, especialmente. Gramados e alamedas, que abafam os ruídos da metrópole e refrescam o ar, são um convite às caminhadas e ao sossego. Aqui e ali esculturas decoram a paisagem.


 



Do período colonial ao século XX


 


Dentro da casa, que foi projetada em 1950 e ocupa 1,5 mil m2, uma aula de história e arte que se estende por quase quatro séculos. De acordo com informações prestadas pela fundação, o acervo foi iniciado com peças pertencentes à família Americano e gradualmente ampliado, em parte graças às aquisições feitas em leilões europeus. Atualmente divide-se em três núcleos principais, que retratam grande parte da história do Brasil. A fase colonial é integrada por pinturas do século XVII e por objetos e imagens do século XVIII. Entre as pinturas, destaque para os oitos óleos do holandês Frans Post, que acompanhou Maurício de Nassau nas invasões holandesas ao Nordeste, e que se constituem no maior acervo de telas do pintor no mundo.


O núcleo Brasil Império reúne retratos a óleo, objetos da época imperial brasileira e algumas curiosidades. Entre elas estão a presença do brasão do Império em quase todas as peças e os exercícios de caligrafia do jovem Dom Pedro II. Tapeçarias, pratarias de diversas origens, porcelanas da Companhia das Índias e medalhas dessa fase complementam esse acervo.


O Modernismo está presente no terceiro núcleo, batizado de Mestres do século XX. Em vários aposentos estão reunidas obras de consagrados artistas brasileiros, como Cândido Portinari, Victor Brecheret, Lasar Segall e Di Cavalcanti.


Em parte dos cômodos da antiga casa foi mantida a decoração original, como no quarto do casal, que tem cama do século XVIII e um crucifixo criado por Brecheret, e no escritório.


 


Oscar Americano e São Paulo


Oscar Americano contribuiu para consolidar a posição de São Paulo como principal metrópole da América do Sul. Sua empresa de engenharia, que levava o nome de Escritório Técnico Oscar Americano, colaborou ativamente para o desenvolvimento da cidade e do estado, especialmente na construção de grandes obras públicas.
Com o rápido crescimento registrado na segunda metade do século XX, São Paulo começa a se expandir para novas áreas, entre elas, a conhecida como Morumbi, ocupada por chácaras e pequenas fazendas.


Antevendo o potencial da região, ele adquiriu grandes glebas e iniciou o projeto de constituição do bairro, o que envolveu urbanização, abertura e pavimentação de vias e implantação de serviços públicos. Assim, em 1948 o Morumbi se torna um bairro residencial e requintado, que começa a ser ocupado, atraindo alguns grandes empreendimentos, como o Palácio dos Bandeirantes – estrutura erguida entre as décadas de 50 e 60 para abrigar a Universidade Conde Francisco Matarazzo – e o Estádio do Morumbi, cujas obras se iniciaram em 1953.


Apesar do crescimento do bairro, o Morumbi continua predominantemente residencial, preservando também outra característica original do projeto de Oscar: a conservação de amplas áreas verdes.


 


Serviços


 


Endereço: Av. Morumbi, 4077 (em frente ao Palácio dos Bandeirantes)


Horário: de terça a domingo das 10h às 17h30,


Tel.: (11) 3742-0077/ 3746-6941


Site: www.fundacaooscaramericano.org.br


E-mail: info@fundacaooscaramericano.org.br


Ingresso: R$ 10,00, R$ 5,00 (estudantes e pessoas com mais de 60 anos) e gratuito para crianças até seis anos, professores identificados e grupos de escolas públicas.