por Denise de Almeida

Sob a inspiração do milenar Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha, o Caminho da Fé  é uma das rotas de caminhantes mais importantes do Brasil.  Criada em 2003, surgiu  inicialmente  para dar apoio aos inúmeros peregrinos que saem de todos os cantos do  país rumo ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, segundo maior  templo católico do mundo,  perdendo apenas para o próprio Vaticano.

Hoje, porém, além do peregrino, o perfil do caminhante é bem variado e o trajeto de quase 500 quilômetros  pode ser percorrido também de bicicleta. 

Assim como no Caminho de Santiago, há pelos  menos cinco pontos de partida – São Carlos, Mococa, Cravinhos, Aguaí e Divinolândia –  que saem da região noroeste do estado de São Paulo, atravessam o sul de Minas Gerais  pela Serra da Mantiqueira, até chegar à cidade de Aparecida do Norte, onde está  localizada a Basílica, às margens da Rodovia Presidente Dutra. 

No total, o caminhante percorre mais de 30 municípios,  observando a natureza,  entrecortada por trechos de estradas de terra, asfalto, trilhas  dentro de fazendas e trilhos  de trem.  Para os que vão a pé, são necessários  aproximadamente 16 dias, fazendo uma  média de 25 quilômetros por dia, para percorrer  todo o caminho.  De bicicleta, a duração  é de 8 a 10 dias.  

Todo o percurso está sinalizado por setas amarelas – pintadas no chão, em  postes de  luz, muros, cercas, pedras, árvores e até cupinzeiros – que guiam os peregrinos  entre as cidades;  e, uma vez nelas, as placas indicativas também levam até a porta das  pousadas – credenciadas e comprometidas com o projeto –  onde é possível conseguir  um  bom banho, uma refeição caseira e uma agradável noite de sono.  

Em cada parada, a credencial recebida no início da caminhada ganha um novo carimbo  para, ao final do trajeto, o caminhante ser agraciado com um certificado atestando sua  participação no Caminho da Fé.

Segundo a Associação Amigos do Caminho da Fé, que criou o projeto, as saídas são  diárias, não são formados grupos e o caminho pode ser feito sozinho,  apesar de  desaconselhável.  

Mas, muito mais do que saúde física através do exercício da caminhada,   ou de um  passeio turístico, a entidade pretende que o Caminho da Fé  proporcione também  momentos de reflexão.

Foi o que  aconteceu com o jovem pernambucano de Recife,  Mario Neto, que  percorreu  o caminho de bicicleta.  Ele relata:  “Numa viagem como esta,  o que conta é o  caminho,  não a chegada.  Pois é indo que você aprende tudo o que te é  oferecido.  Se o  objetivo  fosse chegar, eu teria ido de carro, moto ou avião. Como não é,  fui de bike!”. E  conclui:  “Aprendi o que não teria aprendido nem em mil dias de vida  cotidiana”.  

Informações e dicas, você encontra em: www.caminhodafe.com.br