por Márcia Alves


 


Depois dos veículos de passeio, o sistema de motor bicombustível agora chegou aos caminhões. Mas, ao invés de álcool e gasolina, os veículos de grande porte poderão rodar utilizando gás natural veicular (GNV) e diesel, ou apenas GNV. Três empresas estão à frente desta novidade: Bosch, Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) e Cummins.


Menos emissões


A Bosch criou o sistema DG Flex, que permite aos veículos pesados (ônibus e caminhões), com motor diesel, operar também com GNV, ou com a mistura dos dois combustíveis. Segundo a empresa, com a mesma potência e torque dos veículos a diesel. Na mistura, a injeção do diesel é reduzida ao mínimo possível, mas permanece necessária, pois este combustível é o responsável pela queima do gás e manutenção da temperatura na câmara de combustão.


A substituição do diesel, em certas condições de plena carga e rotação do motor, poderá atingir até 90%. Já na ausência do GNV, o sistema de injeção de gás é automaticamente desligado e o motor passa a operar no modo diesel. De acordo com a Bosch, os testes realizados mostram que os veículos apresentaram emissões totais inferiores às do motor original, com redução de particulados que pode chegar até 75%, dependendo da aplicação e da condição de utilização.


Em fase de testes


A Comgás, que produz os ônibus movidos a GNV que circulam na capital paulista, agora está testando o sistema em caminhões da linha VUC (veículo urbano de carga, com até 6,3 metros de comprimento e capacidade de até 4 toneladas), os únicos autorizados a circular na capital. De acordo com o gerente de vendas veicular da Comgás, Richard Nicolas Jardin, o sistema foi desenvolvido em parceria com a Osagás, empresa do segmento de manutenção e reparação automotiva, e consiste em um kit de conversão de 5ª geração, que permite ao motor utilizar a mistura diesel/GNV ou gás puro.


Depois da fase de testes, que será concluída até o final deste ano, o sistema poderá ser comercializado por outras empresas. Além do preço menor do GNV e da redução de poluentes, Jardin destaca que outra vantagem do kit é tornar o motor mais silencioso e com maior autonomia. Depois de lançado no mercado, sua a expectativa é que os primeiros clientes sejam as transportadoras, que podem contar, inclusive, com uma central de abastecimento de GNV em suas bases.


Ainda não emplacou


Fora do Brasil, a Cummins já comercializou mais de 22 mil motores movidos 100% a GNV para aplicação urbana (ônibus e caminhões). Mas, no Brasil nenhuma unidade foi vendida. “O problema pode estar relacionado ao abastecimento”, acredita o gerente de marketing, Luis Chain. Ele explica que o motor foi concebido na linha Ciclo Otto, com ignição por vela. “Além de menos poluente, produz menor ruído”, garante. Chain calcula que em cerca de 10 anos, quando espera que o problema de abastecimento de GNV esteja solucionado, os caminhões movidos a GNV serão uma boa opção econômica e menos poluente.