por Márcia Alves


 


A Mercedes-Benz, maior fabricante de caminhões e ônibus do país, testou e aprovou o diesel de cana-de-açúcar. Na primeira fase de testes, a montadora utilizou em um tanque de combustível 90% de diesel comercial de algumas áreas metropolitanas (S 50) e 10% do novo diesel. Mesmo presente em um percentual aparentemente pequeno, o novo combustível, de acordo com a empresa, já proporcionou uma redução de 9% nas emissões de material particulado, sem aumentar em nada as emissões de Óxidos de Nitrogênio (Nox).


Segundo Gilberto Leal, gerente de Desenvolvimento de Motores da Mercedes-Benz, os testes também comprovaram a manutenção do desempenho tradicional do motor. “Nos ensaios, todos os parâmetros de controle do motor permaneceram exatamente iguais. Com isso, reforçamos nossa confiança no uso deste novo biocombustível, que se mostra como uma alternativa interessante, pois não requer alteração na estrutura da frota atual”, afirma.


Nos testes, de acordo com Leal, o diesel de cana superou todas as demais energias alternativas para motores a diesel. Ele explica que outra grande vantagem é que o combustível foi adequado aos motores existentes, como os dos ônibus que circulam em São Paulo. Um conceito semelhante ao do carro flex, por exemplo, que funciona tanto com gasolina quanto com etanol. "Caso o diesel de cana deixe de ser viável, o motor pode voltar a receber o diesel derivado do petróleo", analisa.


A Mercedes-Benz iniciará, a partir de abril, os testes de rua. A montadora também se prepara agora para encaminhar os resultados das suas análises para a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natual e Biocombustíveis (ANP).


Box - Não é biodiesel


O combustível inovador testado pela Mercedes-Benz é oferecido pela Amyris, empresa americana especializada em produtos renováveis, que está aplicando no Brasil uma plataforma tecnológica própria para produzir combustíveis de transporte e produtos químicos renováveis. Com filial no interior de São Paulo, a Amyris está em processo de negociação de parcerias com usinas locais para alcançar o plano de produção em escala.


A empresa desenvolveu modificações genéticas que permitiram transformar o caldo de cana em um combustível puro. Portanto, trata-se de um produto diferente do biodiesel, obtido a partir da reação química de óleos vegetais com álcool. Essa tecnologia estava disponível somente nos Estados Unidos, onde o combustível também pode ser obtido de beterraba e milho.