por Márcia Alves


 


A Butamax Advanced Biofuels, empresa criada a partir da união entre a BP e a DuPont, apresentou em Paulínia (SP), no início de novembro, o biobutanol, um combustível gerado dos mesmos materiais usados na elaboração do etanol, mas com rendimento bem superior e muito próximo ao da gasolina.  


De acordo com a Butamax, foram quase seis anos para chegar ao resultado, contando com o esforço de mais de 100 cientistas, que estudaram sua eficiência a partir da cana-de-açúcar, milho, trigo e soja. A gerente de Negócios, Regina Monteiro, explica que o nome Butamax foi escolhido justamente porque representa o butanol como um produto de alto desempenho.


“Utilizamos uma tecnologia baseada em leveduras para a produção do biobutanol a partir de um processo de fermentação de açúcares. O processo é similar ao da produção etanol, com alguns ajustes na fermentação e no processo de destilação”, explica.


 


Segredo molecular


O segredo está na bioquímica do produto: a molécula do biobutanol possui o dobro de carbono e hidrogênio, o que aumenta sua densidade como combustível. Enquanto o etanol tem dois átomos de carbono e hidrogênio, o biobutanol possui quatro na sua estrutura molecular.


“O conteúdo energético do butanol é de aproximadamente 105 mil BTUs por galão americano, enquanto a gasolina comum possui 114 mil BTUs pelo mesmo volume. Isso significa que o biobutanol possui 92% de energia contida na mesma quantidade de gasolina. Em comparação, o etanol contém 84 mil BTUs, ou 60% a 70% da energia contida na gasolina”, confirma Regina.


Sobre o custo de produção do novo combustível, ela acrescenta que “a expectativa é que seja equivalente ao do etanol”, esclarecendo que o novo combustível produzido no Brasil a partir da cana será exportado para os Estados Unidos, Europa e Ásia. Já o biobutanol produzido nos Estados Unidos a partir do milho será vendido apenas no mercado interno daquele país.


“Os mercados americano, europeu e asiático têm prioridade porque o biobutanol pode ser utilizado na frota e infraestrutura já disponíveis. Este fato representa para o Brasil uma grande oportunidade de desenvolver um mercado de exportação de biocombustíveis baseado no biobutanol”, diz.


Para reforçar, Regina aponta que a demanda global por combustíveis é muito grande e que, provavelmente, não será atendida por uma ou duas alternativas. “O biobutanol e o etanol terão uma contribuição importante, assim como outras tecnologias”, diz.


A estimativa da Butamax é de que o Brasil exporte 7,5 bilhões de litros entre 2013 (quando o biocombustível começará a ser produzido em escala comercial) e 2020. A empresa já está negociando a venda da licença de uso da nova tecnologia para usinas brasileiras.