Por Denise de Almeida
Um método que permite analisar a porcentagem da mistura de biodiesel em óleo diesel poderá ser referência para o controle de qualidade do combustível. Desenvolvido e patenteado por pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) em 2005, o sistema ganhou relevância especialmente a partir da determinação do governo na adição de 5% de biodiesel no óleo diesel puro.
A principal vantagem desse método, segundo explica, é que ele é bastante simples e pode ser utilizado em equipamentos portáteis, facilitando o trabalho de fiscalização.
Como o diesel existente atualmente no mercado vem das distribuidoras com este percentual pré-determinado, qualquer adição ilegal de biodiesel seria facilmente detectada empregando este método, diz o professor da UFPR, Cyro Ketzer Saul, um dos responsáveis pela pesquisa, que já ganhou visibilidade internacional.
Acompanhe entrevista concedida pelo pesquisador que desenvolveu o sistema juntamente com Wanderley Veiga, Giuliano Fernandes Zagonel, Marcelo Aliske e Bill Jorge Costa.
PO Em que consiste esse método e como ele deve ser aplicado?
Saul Através da análise da absorção de radiação infravermelha no combustível, o método consiste em medir a altura ou a área do pico da Carbonila (ligação dupla entre carbono e oxigênio), que apresenta uma correlação direta com o percentual de biodiesel misturado no óleo diesel, independentemente da matéria-prima empregada no biodiesel. O método também detecta a adulteração do percentual de mistura devido à adição de óleos vegetais no combustível, mas a confirmação necessita análises mais sofisticadas.
PO Como se pretende que o método seja referência no controle do combustível?
Saul A idéia é que o Tecpar, que detém os direitos sobre a patente, atue junto a Agencia Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para que esta regulamente o emprego de nosso método no país.
PO Qual seria o equipamento existente no mercado para fazer essa análise?
Saul Em princípio qualquer espectrômetro que opere nesta faixa do infravermelho. Porém, a maioria dos equipamentos disponíveis no mercado é importada e, conseqüentemente, cara. Se a normatização do método depender de equipamentos importados, o custo de implantação seria bastante elevado e teria pouco apelo. O cenário mais interessante seria que o governo desenvolvesse uma disputa nacional para desenvolver um equipamento de baixo custo para fim de monitoramento em postos de combustíveis e distribuidoras.