por Márcia Alves

Cinco anos é o prazo previsto por algumas das maiores montadoras para colocar no mercado os primeiros modelos de veículos autônomos. Atualmente, diversos protótipos estão em testes em algumas partes do mundo, incluindo o Brasil. Em outubro do ano passado, o país foi o primeiro da América Latina a testar o veículo inteligente CaRINA (Carro Robótico Inteligente para Navegação Autônoma) nas ruas de São Carlos, interior de São Paulo. O projeto, desenvolvido pelo ICMC-USP sob a coordenação do professor Denis Wolf, percorreu algumas avenidas da cidade, identificando pedestres e obstáculos e mantendo uma distância segura de todos.

Nos carros que trafegam sem motorista, o sistema autônomo funciona graças ao auxílio de câmeras, GPS e diversos sensores que detectam o ambiente ao redor. Os dois principais equipamentos acoplados ao veículo são um motor elétrico suíço que vira o volante nas manobras e um conjunto de câmeras e sensores de movimentos importado dos Estados Unidos e instalado no teto. A aceleração e a frenagem são eletrônicas, controladas por computador, e dispensam equipamentos para pressionar os pedais.

Mas, para iniciar a comercialização desses veículos será preciso criar legislação específica para casos de acidente. A Califórnia, Estados Unidos, aprovou uma lei que legaliza o teste com esses veículos nas estradas, desde que transportem um condutor habilitado. Outro obstáculo à produção em série do é custo alto da tecnologia - o equipamento de percepção 3D dos modelos usados pelo Google custa cerca de US$ 85 mil.

Por enquanto, algumas dessas tecnologias já estão disponíveis em modelos comerciais para auxiliar os motoristas em manobras específicas. Esse é caso do chamado controle de cruzeiro adaptativo, sistema desenvolvido pela Bosch, que calcula a distância segura em relação ao veículo da frente e controla o acelerador e o freio. O sistema usa o freio autônomo de emergência caso os sensores indiquem o risco de iminente de colisão. O dispositivo pode ser acionado à distância pelo motorista, por smartphone como controle remoto, para estacionar o veículo, frear e acelerar.

Para o professor Denis Wolf, da USP, o próximo passo rumo à direção autônoma plena é o desenvolvimento de tecnologias de comunicação confiáveis. Os carros trocariam informações sobre a infraestrutura do entorno, como semáforos, companhias de tráfego etc., evitando vias congestionadas ou prevenindo acidentes, ao saberem antecipadamente o movimento dos outros automóveis.