por Cristiane Collich Sampaio
O verão está chegando ao Hemisfério Norte. Para quem está planejando uma viagem ao Velho Continente, uma dica: fuja um pouco dos roteiros tradicionais e desfrute as belezas e delícias do Sul da Itália, percorrendo a Costa Amalfitana e seu entorno.
Famoso internacionalmente, mas ainda pouco procurado por brasileiros, este roteiro reúne lendas, história, recantos deslumbrantes e beleza natural, sem falar dos atrativos gastronômicos propiciados pela diversificada cozinha mediterrânea, muito saborosa e saudável, e pelos deliciosos vinhos italianos que a acompanham.
A Costiera Amalfitana, ou Costa de Amalfi, como também ficou conhecida, é considerada por muitos como um dos trechos litorâneos mais bonitos do mundo. Perambular sem rumo, aventurando-se pelas ruelas, becos e vilas das encostas íngremes, com pausas para cafés e para admirar belas vistas deve fazer parte do dia-a-dia de qualquer turista que queira aproveitar a região. Ou, então, apenas deixar-se ficar, preguiçosamente, desfrutando o dolce far niente sob o sol, à beira das águas azuis do Mediterrâneo.
A lenda sobre Amalfi, cidade rica em história e cultura que empresta seu nome à região, conta que esse nome foi dado por Hércules ao local paradisíaco escolhido para o repouso da ninfa Amalfi. Já sua história imprecisa diz que provavelmente foi fundada no século VI pelos moradores de Scala, localidade próxima. De origem romana, após a queda desse império, a cidade foi a primeira do Ocidente a estabelecer contato comercial com o Oriente, e a trazer para a Itália especiarias, papel, café e outros produtos . Estado independente e poderoso entre 839 a 1096 d.C., foi dominada pelos normandos após a invasão que se estendeu por toda a Itália meridional.
Além desta, outras cidades e vilarejos, com histórias próprias, estão presentes no trajeto de cerca de 50 quilômetros, que liga Sorrento a Salerno, ao Sul de Nápoles. Sinuosa e estreita, a estrada margeia as escarpas que descem até o nível do mar, acompanhando a sucessão de pequenas baías que se descortinam nessa orla e trazendo uma cara surpresa após cada curva.
A viagem também pode ser feita de trem, embora sem o mesmo encantamento, e de barco, a partir de Nápoles, com paradas obrigatórias em cada estação ou marina. Sorrento é a primeira.
Vide (ASPAS)o mare quant(ASPAS)è bello!Spira tantu sentimento...
Apesar de não pertencer exatamente à Costa Amalfitana, essa primeira cidade do trajeto brota entre oliveiras e laranjeiras, com o mar a sua frente (e não por acaso inspirou a mundialmente conhecida música Torna a Surriento, em dialeto local, cuja primeira estrofe se lê acima). Vale à pena observar paisagens, como a do Vico Equense, Meta e Piano di Sorrento, e visitar o centro histórico e as marinas, nas quais, por vezes, o acesso ao mar se faz por meio de escadarias de madeira que descem de um píer suspenso.
A seguir vem Positano: suas casas incrustadas nos penhascos são um espetáculo a parte. O viajante tem de experimentar o Limoncello, um licor de limão local, que pode ser tomado como aperitivo ou após as refeições.
Cada paese (lugarejo) desse itinerário reserva ao viajante ao menos uma atração que o distingue dos demais. Vietri sul Mare é famoso por suas cerâmicas. Cetara, pequena vila de pescadores, conserva seu antigo fascínio. Majori tem uma extensa praia e Minori foi residência de veraneio dos romanos, durante o império. Ravello, cidade da música, possui paisagens marcantes. Scala e Atrani são considerados, respectivamente, o mais antigo e o menor município da Europa. Conca dei Marini, abriga a encantadora Gruta do Smeraldo, e Furore, os fiordes da região. Há ainda Praiano, local onde os doges, em suas magníficas vilas, passavam o verão, e os bosques de Tramonti.
Ao lado desses pontos, quem seguir esse roteiro deve visitar a Reserva de Valle delle Ferriere e as Ilhas Li Galli, mencionadas na mitologia como morada de sereias, e, ainda, aproveitar a proximidade para passeios até Pompéia e Paestum (prove a mozzarela da região: é simplesmente divina!), Velia, Palinuro e Sapri, além da famosa Ilha de Capri e da já citada Sorrento. E, se o tempo permitir, a Costa Cilentana menos glamorosa que sua vizinha, mas nem por isso menos fascinante também vale uma esticada na viagem.
Serviços
Essas estâncias de veraneio oferecem acomodações que vão desde simples albergues até os mais luxuosos e requintados hotéis alguns instalados em antigos conventos , com todas as mordomias que o dinheiro pode comprar. O mesmo se aplica às cantinas econômicas, em que pasta e pomodoro e um vinho correto e econômico são presença certa, e restaurantes de fama mundial, que além dos pratos típicos e especialidades com peixes e frutos do mar também oferecem cardápio internacional e extensa carta de vinhos.
O aeroporto mais próximo é o de Nápoles, localizado a cerca de 60 km da Costa Amalfitana, que recebe vôos regulares da Alitalia, partindo de Roma.
Como a região é muito procurada entre final de junho e início de setembro, quando o tempo é quente e firme, as reservas de hotéis e passagens devem ser feitas com grande antecedência.