por Cristiane Collich Sampaio


 


Segunda maior ilha do Mediterrâneo ocidental, perdendo em tamanho apenas para a também italiana Sicilia, a Sardenha está num ponto equidistante entre a Itália e o continente africano. Mas, assim como outras não menos interessantes localidades européias, ainda não foi descoberta pelos brasileiros. Para quem deseja ir além dos roteiros tradicionais, esta ilha abre possibilidades de descobertas em todos os campos. Ao lado de monumentos de caráter histórico e cultural, grutas, vegetação preservada e um mar indescritível integram sua paisagem e permitem a prática de inúmeras atividades ao ar livre.


Sua história pode ser tudo, menos monótona. Apesar de restarem vestígios de povos muito mais antigos, a primeira civilização importante a se instalar nas terras sardas foi a dos nuragues, na idade do bronze, entre os séculos VIII e IV a.C. De sua passagem ficaram seus monumentos arquitetônicos: conjuntos de edificações dominados por grandes torres de pedra em forma cônica, que, além da função defensiva, possivelmente serviam como castelo aos chefes de clãs. Essas construções são consideradas como o principal símbolo da Sardenha.


Nos séculos seguintes sucederam-se fenícios, cartagineses, romanos, bizantinos, espanhóis e, por fim, até piemonteses. Em 1948, a Sardenha garantiu a condição de região autônoma da Itália.


A distância do continente lhe permitiu, em certa medida, salvaguardar essa sobreposição de culturas, ainda presente na língua, no artesanato, na cozinha, nos costumes. Por exemplo, apesar de o italiano ser a língua oficial, o dialeto sardo é dominante. Trata-se de uma língua românica, mais próxima do latim do que do italiano, com influências fenícias, etruscas e até bascas.


Essa miscelânea é nítida também nas principais atrações culturais. A Nuraghe Palmavera, situada em Alghero – um porto pesqueiro, quase intocado, que preserva seus costumes tradicionais –, na província de Sassari, é uma das maiores e mais bem conservadas vilas nuragues da ilha.


Por outro lado, em Cagliari, há as ruínas do Anfiteatro Romano, datado do século II, com suas arenas esculpidas na pedra, e o Museo Archeologico Nazionale, que conserva artefatos fenícios entre outras preciosidades imemoriais.
Nessa mesma cidade estão exemplos da mistura de culturas na arquitetura sacra, como a Cattedrale di Santa Maria, a Chiesa di San Francesco e a Cattedrale Piazza Palazzo, que encerra as tumbas dos príncipes da Casa de Savóia.


 


Praias, grutas e tudo o mais


 


Mas estes atrativos se constituem apenas numa mísera parcela do que a Sardenha tem a oferecer ao turista. Apesar de grande parte da orla ser íngreme e rochosa, as planícies costeiras são um paraíso para banhistas e praticantes de esportes aquáticos, como mergulho, vela e windsurf.


Olbia, principal porto da Sardenha, é a porta de acesso à fantástica Costa Smeralda. Nesse trecho, há praias de areias brancas, de águas transparentes e geralmente calmas.


Também ao Norte, amantes das atividades subaquáticas encontram os principais pontos de mergulho da região. O partir do vilarejo medieval de Santa Teresa Gallura, atinge-se o Estreito de Bonifácio, que separa a Sardenha de sua vizinha francesa, a Ilha de Córsega. Nesse estreito também está o Archipelago Maddalena, constituido por sete ilhas maiores, das quais apenas três habitadas, que vale uma visita.


A poucos quilômetros de Alghero, em Capo Caccia, encontra-se um dos atrativos naturais mais visitados na ilha: a Grotta di Nettuno, recheada de estalactites e de laguinhos. A Escala Del Cabirol, com seus mais de 600 degraus, conduz o viajante para o sopé da colina em que se situa.
No Leste da Sardenha, na chamada Costa Dorata, nos arredores da antiga colônia sarracena de Dorgali, outra gruta. O Bue Marino é uma das maiores da ilha, a qual se pode atingir a partir de Cala Gonone, num trajeto de 30 minutos de barco. É uma ampla caverna, com cinco quilômetros de extensão, que se bifurca em duas galerias. Na do Sul, iluminada artificialmente, há estalactites e estalagmites coloridas e a mistura das águas doces e cristalinas de um rio subterrâneo com as do mar, que forma pequenas praias. Pinturas rupestres preservadas decoram parte dos 900 metros abertos a visitação. A galeria Norte é acessível apenas mediante autorização.


Aqui, foram reveladas apenas algumas dicas sobre “o que é que a Sardenha tem”. Quanto à enogastronomia local, isso merece um capítulo a parte, a ser escrito em outra oportunidade.


 


Serviço

Site oficial da Região Autônoma da Sardenha: www.sardegnaturismo