Encravada entre duas grandes civilizações asiáticas, Índia e China, a Indochina, termo cunhado pelos franceses na época de sua dominação na região, que compreende o Laos, Vietnã e Camboja, tem muita história para contar. Além de, ao longo de milênios, sofrer forte influência da vida e costumes indianos e chineses, a região, num passado mais recente, sofreu com conflitos de todos os tipos. Engana-se, porém, quem acha que esses países ainda sejam destinos com pouca infraestrutura turística. Atualmente, Laos, Vietnã e Camboja oferecem todo o refinamento e conforto encontrados no Ocidente, sem perder de vista a espiritualidade e a história milenar, num contraste absolutamente encantador. Laos, terra de milhões de elefantes Embora não envolvida diretamente na Guerra do Vietnã, a ‘Terra de Milhões de Elefantes’, como era conhecida há seis séculos, foi fortemente atacada em suas fronteiras e é considerado o país mais bombardeado da história das guerras modernas. Apesar disso, o país convida à contemplação, com a calma e a virtude próprias de um povo budista. Seja na capital, Vientiane, ou em Luang Prabang, capital espiritual e cultural, monges com trajes cor de laranja e imensos arrozais convivem com o sincretismo das construções tradicionais com riquíssimos templos e a arquitetura colonial francesa, criando um cenário único. É possível conhecê-las alugando bicicletas ou nos famosos tuk-tuk. Se tiver dias sobrando, aventure-se por lugares menos conhecidos, como as colossais grutas de Kong Lo e as 4 mil ilhas de Si Phan Don, no rio Mekong. Vietnã, cultura milenar e cidades futuristas Desde o fim da guerra, o Vietnã passou por um profundo processo de reconstrução e hoje atrai turistas do mundo todo. Templos budistas se espalham de norte a sul do país em meio a plantações de arroz e pastos com búfalos. Em contraponto, a maior cidade do país, Ho Chi Minh (chamada até 1975 de Saigon), é surpreendentemente moderna, com edifícios futuristas e luxuosos shoppings centers. Não deixe de ver a versão vietnamita da Catedral de Notre Dame de Paris, o mercado Bem Thanh, com suas comidas exóticas, e os túneis de Cu Chi, que permitem entrar nas casas camufladas debaixo da terra, onde os soldados se escondiam. Se tiver dias sobrando, vá às cidades históricas de Hue e Hoi Na, onde é possível encontrar pessoas caminhando com o famoso chapéu em formato de cone e o cesto equilibrado sobre os ombros, e à Baía de Halong, conjunto de pequenas ilhas que vivem cercadas por uma névoa mágica e foram consideradas patrimônio da humanidade pela Unesco. Camboja, místico e cheio de surpresas Uma das nações mais pobres da Ásia, com a maioria de sua população trabalhando na agricultura, o Camboja é um lugar intenso, onde as emoções se alternam entre comoção e deslumbre. O histórico recente cheio de violência – entre os anos 1970 e 1980, quando o Khmer Vermelho instalou um regime de terror no país – contrasta com a rica espiritualidade e a alegria das pessoas nos dias atuais. A capital Phnom Penh, cada vez mais abre espaço para arranha-céus, avenidas largas, investidores e bancos internacionais, que se misturam à arquitetura do enorme Mercado Central, com sua cúpula de quatro ‘braços’, e ao Palácio Real, dourado por fora e cercado por jardins coloridos. Se tiver dias sobrando, visite o Parque Arqueológico de Angkor, patrimônio da humanidade, cuja principal construção é o templo budista do século XII, Angkor Wat, considerado o melhor exemplo da arquitetura do antigo Império Khmer. Há também o Angkor Thom, famoso pelos rostos esculpidos na pedra, e o fascinante Ta Prohm, de onde brotam gigantescas árvores que se mesclam com a arquitetura. Quem viu o filme Tomb Raider, protagonizado por Angelina Jolie, vai reconhecê-lo.