por Márcia Alves


 


Apesar de movimentar cerca de R$ 4,5 bilhões por ano e de produzir aproximadamente 1,3 bilhão de litros anuais, o mercado de lubrificantes, no qual atuam em torno de 280 empresas, não era prioritário nas ações de fiscalização da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Até que, há pouco mais de um ano, quando realizou sua primeira ação no setor – um levantamento-piloto –, a agência constatou um índice alarmante: 60% dos lubrificantes estavam fora da especificação. Esse resultado fez a ANP criar o Programa de Monitoramento da Qualidade dos Lubrificantes, nos moldes do que existe no setor de combustíveis. Os resultados, divulgados a partir de maio deste ano, revelaram que o índice de não conformidade vem caindo gradativamente.


 


Em agosto, o boletim da ANP indicou que 18,2% das amostras estavam não conformes em relação à qualidade; 35,8% em relação a rótulo dos produtos e 18,9% quanto ao registro. “Houve uma reação do setor, e as empresas começaram a regularizar sua situação”, afirma o diretor executivo do Sindicato Interestadual do Comércio de Lubrificantes (Sindilub), Ruy Ricci. Ele esclarece que nem todas as irregularidades encontradas pela ANP, inicialmente, se referem à falta de qualidade, mas a não conformidade nos rótulos dos produtos ou no registro das empresas. Otimista com o resultado das ações de fiscalização, contou que o Sindilub propôs à ANP fechar o ciclo da regulamentação com a inclusão do setor de atacadista, que representa 45% do mercado de distribuição de lubrificantes.


 


Outro que aplaude a iniciativa da ANP é Pierre Duhot, diretor geral da Total Lubrificantes do Brasil, fabricante da marca Elf. O país é o maior consumidor de lubrificantes da América Latina e, segundo ele, tem potencial para crescer mais do que os 3% ao ano. Porém, a concorrência com os produtos de baixo preço e má qualidade sempre preocupou a Total, a ponto de a empresa ter investido na conscientização de seus clientes. O fato é que, no quesito qualidade, a maior parte das amostras apresenta ausência de aditivos, o componente mais caro e mais importante do óleo lubrificante. Considerando que a falta de aditivo não altera a aparência do lubrificante, Duhot supõe que as pequenas fábricas se “sentem tentadas a não incluí-lo”, resultando num produto quase inócuo.


 


Por isso, disse que os programas de treinamentos da Total procuram esclarecer a respeito dos danos que esses produtos causam aos motores dos veículos, que ele enumera como: “intenso desgaste, maior consumo, alto custo de manutenção e travamento do motor”. Mas, Duhot tem esperança que o trabalho da ANP consiga sanear o mercado, da mesma forma fez com o setor de combustíveis. “A tendência é melhorar”, acredita.