por Márcia Alves


 


Um levantamento do Registro Nacional de Carteira de Habilitação (Renach) mostra um salto de 112% no total de documentos dessa faixa etária, entre 2003 e 2006, de 94 mil para 199 mil. Só no estado de São Paulo, a quantidade de carteiras dos octogenários saltou de 33 mil para 72 mil. Entre os condutores do país acima de 61 anos, a alta foi de 44%. Os jovens de 18 a 21 anos, aumentaram apenas 4% e na média geral, 22%.Os dados abrangem somente as carteiras de modelo novo, com foto, emitidas ou renovadas a partir de 1998. Dependendo do estado, alguns dados podem estar desatualizados, porque uma parte pode estar vencida há pouco tempo ou ter migrado do modelo antigo nos últimos três anos.


 


Calcula-se que em cada grupo de 200 condutores brasileiros um tenha mais de 80 anos. Mesmo considerando que todo esse contingente não está nas ruas, o levantamento revela uma tendência do aumento acelerado da quantidade de idosos guiando os automóveis. Um dos motivos é o aumento da expectativa de vida da população. Outra é a popularização do automóvel como bem consumo. Esse fator, para os especialistas, tem conquistado cada vez mais os idosos, que, até pelas deficiências físicas, têm no automóvel uma alternativa para melhorar a sua mobilidade e ganhar mais qualidade de vida.


 


Risco menor


A legislação brasileira não estabelece uma idade máxima para a direção, mas determina que os idosos motorizados renovem com maior freqüência o seu exame de aptidão. Nas resoluções relativas à Carteira Nacional de Habilitação (CNH), está estabelecido que os motoristas de até 65 anos precisam renovar o teste a cada cinco anos. Acima desta idade, o exame deve ser refeito a cada três anos. O idoso portador da CNH categoria profissional enfrenta outra exigência: a de possuir visão máxima em ambos os olhos, para não ser rebaixado à categoria de motorista amador.


 


Além das doenças oculares, os mais velhos estão sujeitos à diminuição dos reflexos e à limitação auditiva, que também prejudicam o desempenho no trânsito. Como todos estes problemas não têm data certa para aparecer, a limitação de idade para a direção varia de pessoa para pessoa. O motorista e principalmente a família devem ficar atentos a sinais de perigo na direção. Deve-se prestar atenção, por exemplo, à freqüência dos acidentes - mesmo que pequenos - causados pelo condutor. Além disso, é preciso verificar se ele tem dificuldade para estacionar e se fura o sinal vermelho por não distinguir as cores.


 


Mesmo com os riscos impostos pela idade, os idosos não são uma ameaça ao transito. Em 2005, segundo o Denatran, 21.645 condutores com mais de 60 anos estiveram envolvidos em acidentes com vítimas, contra 213.850 motoristas entre 30 e 59 anos. A prudência dos idosos é até valorizada pelas companhias de seguro - a terceira idade pode pagar a metade do preço do seguro cobrado dos jovens.