por Márcia Alves


 


Os postos de combustíveis têm investido cada vez em medidas de segurança para se protegerem contra assaltos. Câmeras de vídeo, segurança patrimonial, cofres com temporizador e outros, são medidas que diminuem a vulnerabilidade do estabelecimento contra as ameaças externas. Mas, às vezes, o perigo está mais próximo do que se imagina.


A fraude cometida por funcionários, conhecida como fraude corporativa ou interna, pode ser tão ou mais prejudicial às finanças do posto do que, por exemplo, um assalto à mão armada. No comércio em geral, os casos mais comuns envolvem falsificação de cheques e documentos, roubo de ativos, alteração de notas de despesas, notas frias, pagamentos indevidos (propina) e uso de informação privilegiada. O problema é que esse tipo de crime, praticado por empregados que no dia-a-dia desfrutam da confiança do revendedor, às vezes demora a ser percebido.


 


O consultor em segurança Jorge Lordello, conta que ajudou a desvendar dois casos de fraude interna em postos. Num deles, o frentista utilizava o famoso “chupa-cabra” – artifício para clonar cartões de créditos – para roubar os dados dos cartões dos clientes e repassá-los a terceiros. No outro caso, o frentista costumava entreter os clientes com serviços, como lavagem, calibragem de pneus e outros, levando-os a esquecer de pegar de volta o cartão de crédito. Segundo o consultor, também são comuns fraudes de desvio de cheques e de dinheiro do caixa. Um revendedor paulista da zona Oeste da capital foi vítima do próprio gerente do posto, a quem confiava toda a contabilidade. Ele relata que apenas se deu conta do rombo nas finanças muito tempo depois. “Nunca havia me preocupado em cruzar a movimentação do posto com os valores de venda dos cartões”, lamenta.


 


Como se proteger



Ao contratar um funcionário, exija o maior número de documentos originais e procure verificar se não há sinais de adulteração ou troca de fotografia. Na dúvida, procure o distrito policial mais próximo e peça auxilio. O pretendente deve informar nome completo, endereço e telefone dos últimos patrões e apresentar atestado de antecedentes criminais recente. Como medida cautelar, vale consultar o serviço de proteção ao crédito, Serasa ou qualquer outra empresa do gênero, para saber a real condição financeira do pretendente.


 


Logo no primeiro contato, antes de fazer qualquer tipo de verificação, faça uma série de perguntas sobre a vida profissional e familiar do pretendente e anote tudo, para saber, posteriormente, se tal pessoa tem o hábito de mentir ou distorcer a realidade de sua vida. Se optar pela contratação, tire cópia de todos os documentos e também solicite uma foto recente do novo funcionário. Para contratar uma empresa de segurança patrimonial exija documentos, como o CNPJ; certificado de segurança e alvará de funcionamento concedido pela Polícia Federal com publicação no Diário Oficial da União; atestado da divisão de Registros Diversos expedido pela Secretaria de Segurança Pública; contrato social; e outros.


Fonte: Lordello Consultoria e Treinamento.


 


Pesquisa sobre fraude interna


Toda a atenção é necessária. Isso porque, segundo a consultoria KPMG, no Brasil, 69% de um grupo de mil pessoas entrevistadas, disseram que já presenciaram alguma fraude nas empresas em que trabalham. No entanto, a situação é mais grave do que se imagina. Destas fraudes, mais da metade (58%) foi praticada por um funcionário, enquanto 18% por um prestador de serviços. O restante das fraudes foi realizada por fornecedores (14%), clientes (8%) e outros (2%). A pesquisa traçou o perfil do fraudador como a maioria de homens, entre 26 e 46 anos, ocupante de cargos abaixo do nível gerencial e entre dois e cinco anos de tempo de casa. De acordo com a consultoria, a tendência de fraudes praticadas por funcionários é motivada pelo enfraquecimento dos valores sociais e morais, seguido da impunidade, insuficiência dos sistemas de controle e por problemas econômicos do país.