por Márcia Alves


 


O carro flex-fuel, tecnologia que permite abastecer com álcool, gasolina ou qualquer mistura dos dois, caiu mesmo no gosto dos brasileiros. Do total de carros vendidos no Brasil em novembro, 19.893 unidades, 87,1% são bicombustíveis. Porém, por mais que as vendas cresçam, ainda persistem dúvidas em relação ao funcionamento desse tipo de veículo, especialmente sobre a melhor forma de abastecer. Muito do que se diz é puro mito, baseado em tecnologias antigas – algumas da era pré-injeção eletrônica, do início dos anos 90. A revista Posto de Observação esclareceu o assunto com César Samos, diretor do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de São Paulo (Sindirepa-SP).


 


 






É preciso rodar um pouco com o veículo, antes de desligar o motor, a cada troca de combustível?


Sim. É aconselhável usar o veículo por 15 ou 20 minutos para que o sistema eletrônico que gerencia a injeção de combustível faça as devidas adequações e afinações.



Misturar os dois combustíveis ou alternar o abastecimento entre um e outro é recomendável?


A melhor sugestão para quem só utiliza álcool é que abasteça o tanque apenas com gasolina, durante alguns meses, e a use até o fim, para então, depois voltar a abastecer com álcool. Esse procedimento permite a remoção de alguns resíduos provocados pelo uso contínuo do álcool.


 



Um veículo abastecido apenas com álcool tem menor vida útil?


O veículo com sistema de injeção flex foi desenvolvido para funcionar com álcool, logo todos os componentes receberam tratamento para ter um tempo de vida normal


 



A gasolina que fica no reservatório de partida a frio envelhece?


Sim, envelhece e pode danificar o motor quando for injetada em um dia que estiver frio.


 



Carro flex demora mais para pegar, mesmo com o reservatório de partida a frio cheio?


Não, se o sistema de partida estiver operando normalmente, pois, no primeiro momento o motor funciona com gasolina.


 



Caso o veículo seja abastecido apenas com um dos combustíveis, pode não aceitar outro?


O sistema flex adapta-se ao combustível. Entretanto, não é recomendável fazer a mudança de combustível e usar o veiculo por menos de 20 minutos, que é o tempo necessário para o sistema reconhecer o produto abastecido.


 



É verdade que um flex nunca tem o melhor desempenho ou consumo em comparação aos veículos que utilizam álcool ou gasolina?


Sim. No sistema mono combustível, tudo foi desenvolvido para se obter o melhor desempenho, não considerando um outro combustível que oferece limitações físicas e químicas.



Pode comprometer o desempenho do veículo flex instalar um kit de gás natural veicular, para transformá-lo em tricombustível?


Sim. Não há no Brasil nenhum projeto de motor do ciclo Otto que tenha sido desenvolvido para funcionar com GNV, são todos adaptados. Lembrando, ainda que a taxa de compressão de um motor para funcionar bem com GNV é de 17,0:1 contra 10,0:1 da gasolina e 13,0:1 do álcool.


 



A manutenção dos carros flex é mais cara do que a dos motores convencionais?


Pelo uso de combustíveis diferentes e misturados, existe a possibilidade de manutenção mais freqüente.


 



O carro flex sofre menos com o combustível adulterado?


É possível que sim, caso o veículo seja abastecido em um posto que venda gasolina com adição de álcool na proporção de 50%. O carro flex adapta-se e não apresenta alterações, o condutor apenas perceberá que o consumo de gasolina está alto.