por Márcia Alves


 


O cenário do setor de combustíveis está em transformação. E não se trata apenas das recentes fusões, incorporações e aquisições entre bandeiras de distribuidoras. A compra da Esso pela Cosan, maior produtora mundial de álcool, e a promessa de venda da Texaco para o grupo Ultra, outro expoente do segmento, traz à tona um audacioso movimento de expansão do setor sucroalcooleiro sobre a distribuição e revenda de combustíveis.


 


Verticalização ou simples consolidação de mercado? A resposta depende dos próximos passos do setor de produção de álcool. Fontes do jornal O Estado de S.Paulo afirmaram que grandes produtoras estariam sondando distribuidoras de combustíveis de médio porte, como a Alesat e a Petrosul, que juntas respondem pela venda mensal de aproximadamente 400 milhões de litros de combustíveis. Entretanto, oficialmente, ambas negaram que estejam à venda. A Alesat informou, por meio de sua assessoria, que tais notícias não passam de boato infundado. “A companhia está em busca de oportunidades de aquisição para crescer mais rapidamente, devendo investir cerca de R$ 250 milhões nesse propósito até 2012”, informou.


 


A Petrosul não negou que esteja sendo sondada, mas descarta qualquer possibilidade de mudar de mãos. “Temos uma meta de expansão para os próximos três anos que é embandeirar mil dos dois mil postos para os quais fornecemos em sete estados”, disse o diretor comercial Ronald Pereira da Silva. Ele contou que outra meta está preste a ser cumprida com a recente aquisição de uma base de distribuição em Assis (SP). A companhia, que movimenta 100 milhões de litros por mês, aumentará seu volume, segundo o diretor, em mais cinco ou 10 milhões de litros.


 


O diretor da União da Indústria da Cana-de-Açúcar União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, percebe uma clara mudança de mentalidade no setor sucroalcooleiro, que no passado centrou suas preocupações empresariais “da porteira para dentro”. Para ele, a compra da Esso pela Cosan demonstra que o setor hoje já se preocupa também com questões logísticas, como fez, por exemplo, com a instalação de unidades desidratadoras em países do Caribe e com a implantação de terminais para combustíveis líquidos nos principais portos brasileiros. “Essa integração entre a produção e a distribuição é importante e positiva para o abastecimento e para o consumidor”, avalia.


 


O diretor acredita que os efeitos da participação do sucralcooleiro na distribuição de combustíveis serão evidentes quando a queda de preço do álcool, por exemplo, chegar em menos tempo às bombas. Também serão reduzidos, segundo ele, os problemas de abastecimento do produto, como ocorreu em Fortaleza (CE), onde os postos deixaram de vender gasolina porque não havia álcool para ser misturado. Considerando a tendência de crescimento do álcool no mercado, Pádua Rodrigues prevê que a revenda de combustíveis será beneficiada pela “garantia dos produtores de que o produto não faltará nas bombas”.