por Denise de Almeida


 



Enquanto os revendedores vão travando batalhas como podem contra o avanço dos supermercados no setor –, algumas vezes, com o auxílio da autoridade pública (veja nota abaixo) –, as grandes redes de supermercados não recuaram diante da crise econômica mundial e continuam com seus planos de expansão, especialmente, na instalação de postos de rua.


O Grupo Pão de Açúcar, que já opera 70 postos no país (40 deles em SP) e que, no ano passado, disputou com a BTG, do banqueiro André Esteves, a aquisição da Via Brasil, maior rede de postos independentes do país, disse que o susto provocado pela crise econômica internacional já passou e começa a apresentar sinais de expansão em relação ao início do ano passado.


O Makro, maior atacadista do país, também quer ganhar escala na operação de postos de combustíveis e, segundo Rubens Baptista, presidente da companhia, iniciará este ano a abertura de postos de combustíveis fora das lojas da rede. "Apesar de um certo desaquecimento da economia, não revisamos nossa meta. Nossas vendas devem crescer entre 10% e 15% neste ano", acredita.


O Makro possui 26 postos de combustíveis em funcionamento e prevê a abertura de mais dez em 2009. Deste total, pelo menos dois não serão instalados junto aos terrenos das lojas. "Vamos fazer uma experiência", afirma Baptista, que comemora a venda de 100 milhões de litros de combustíveis em 2008.


Considerados um excelente negócio para as gigantes do comércio, já que atraem tráfego intenso de automóveis, os postos de combustíveis também já são realidade para o Carrefour e Extra, que podem incrementar os negócios na área ainda neste ano.


"Este negócio (de postos de combustíveis) incrementa as vendas da empresa e ainda fixa a marca da companhia junto aos clientes", afirma o presidente do Makro.


 


Nem tudo são flores


 


Enquanto isso, o desembargador Dácio Vieira, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, que, no início de fevereiro, suspendeu o mandado de segurança que permitia a instalação de um posto de combustíveis em um hipermercado Extra, em Brasília, questiona: “É preciso chamar a atenção da coletividade. Vale a pena ter postos em supermercados?”.


A decisão foi conseqüência de ação rescisória da Procuradoria-Geral do Distrito Federal, que baseou seu pedido na Lei Complementar 294/00 do DF, que proíbe a construção de postos de gasolina em locais de grande aglomeração humana, como hospitais, escolas, teatros, supermercados e hipermercados.


O Extra tinha obtido um mandado de segurança, sob o argumento de que a lei era inconstitucional e que a norma viola o princípio da concorrência.