por Márcia Alves


 


No que depender do Ministério Público de São Paulo, as fraudes no abastecimento de gás natural veicular em posto do estado estão com os dias contados. A pedido da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), o MP criará uma força-tarefa, composta por diversos órgãos governamentais, incluindo a Policia Civil, para investigar e punir os criminosos. No momento, a Comgás, segundo sua assessoria de imprensa, está abastecendo o MP de informações, como endereços dos estabelecimentos suspeitos, laudos do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) e histórico dos casos comprovados de fraude.


A iniciativa é resultado uma série de reportagens exibidas pela TV Globo, no final do ano passado, denunciando o crime. Foi constatado pelos repórteres que a maioria das fraudes é realizada antes que o gás chegue à bomba de abastecimento. Os golpistas mexem no medidor, que vem da Comgás, rompendo o lacre e trocando a engrenagem. Com isso, o equipamento passa a registrar menos combustível do que efetivamente chega às bombas, mas a diferença não é paga à companhia. Conforme estimativas, cada medidor adulterado por deixar de registrar o consumo de cerca de R$ 30 mil por mês, acumulando um prejuízo que, nas contas da Comgás, ultrapassa os R$ 6 milhões mensais.


Caixa blindada


Atualmente, as fraudes são identificadas pelo IPT e pela própria Comgás, por meio da análise de curva de pagamento. As medidas de punição consistem no cancelamento do fornecimento do GNV e até no fechamento do posto. No entanto, em alguns casos, esses postos conseguem uma liminar da justiça para voltar a receber o produto da distribuidora. Dos seis postos fechados no último ano, dois voltaram a funcionar por força de liminar.


Mas, a Comgás também está adotando novas tecnologias para se precaver contras as fraudes. Embora não possa revelar os detalhes de algumas soluções, a empresa informou que já está utilizando a caixa blindada. O equipamento, à prova de violação e com alarme, “guarda” o medidor. Em caso de tentativa de transgressão, a caixa emite um sinal sonoro detectado pela Comgás.


Risco de explosão


"Nosso objetivo não é econômico”, diz o advogado que representa a Comgás, Pedro Estevam Serrano. Segundo ele, a companhia tem porte para absorver os prejuízos. “O que nos preocupa é o risco de vazamento e explosão que existe na manipulação do GNV por pessoas não habilitadas", justifica.


Serrano conta que, sem o poder de polícia, a Comgás, que fornece para cerca de 400 postos, tem enfrentado uma série de dificuldades para flagrar os infratores, como a negativa de acesso às instalações dos estabelecimentos e até ameaças a seus funcionários. Com a força-tarefa trabalhando em conjunto com a Comgás, o advogado acredita que esses obstáculos seriam mais facilmente removidos.


 



Equipamentos


VÁLVULA DE PASSEIO • Abre e fecha o gás que chega da rua para o posto • Fica enterrada sob a calçada do posto, na entrada • Se for manipulada com a ferramenta errada pode causar vazamento para a área do posto e vizinhança • Ou ainda pode vazar para dentro das tubulações de água e esgoto da região • O perigo de explosão é médio.


CONJUNTO DE REGULAGEM E MEDIÇÃO • É onde ocorre a maior parte das fraudes de desvio de gás natural veicular (GNV)• Nesse ponto a pressão é bem alta• A manipulação errada pode causar vazamentos e causar explosão de grande impacto.


COMPRESSOR E CILINDROS DE ESTOCAGEM• Nesses pontos a pressão é altíssima• A manipulação errada pode causar vazamentos e explosão de grande impacto.


BOMBA (OU DISPENSER)• Ponto de pressão altíssima• Manipulação errada pode causar vazamentos e explosão de grande impacto.


Fonte: Jornal da Tarde