por Márcia Alves


 


Os brasileiros sabem que pagam impostos, mas não sabem quanto. A questão é que não está claro para ninguém que além dos impostos diretos, descontados nos salários ou pagos ao imposto de renda, muitos outros indiretos estão embutidos nos preços dos produtos. Nas contas do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), neste ano, cada brasileiro trabalhou 148 dias para sustentar o governo, período equivalente aos meses de janeiro a maio. Calculado de outra forma, significa que de cada R$ 1 mil ganhos, todo brasileiro entregou ao governo em tributos e impostos cerca de R$ 400,00.


Para conscientizar a população sobre o peso da carga tributária, o Instituto Millenium promoveu a segunda edição da campanha “Dia da Liberdade de Impostos”, em 25 de maio, em postos de combustíveis de seis estados. Segundo o diretor executivo Paulo Uebel, os postos participantes da campanha venderam 50 mil litros de combustíveis sem impostos. Ele contou que a diferença de preço foi reembolsada aos estabelecimentos pelas entidades organizadoras que se uniram ao instituto na campanha.


Uebel explicou que os combustíveis foram escolhidos devido à expressiva carga tributária (cerca de 53%), que impacta em toda a cadeia produtiva e atinge praticamente todos os cidadãos.  “Foi uma forma clara e simples de mostrar ao cidadão comum a diferença que os tributos causam nos preços dos produtos”, disse.


Nos postos, a campanha provocou uma grande corrida e a formação de enormes filas. Um posto de Belo Horizonte foi obrigado a distribuir senhas aos consumidores, que compraram a gasolina por R$ 1,36, valor com desconto de 44%, já que o preço médio do produto na capital com todos os impostos era de R$ 2,39. No Rio de Janeiro, o preço do litro da gasolina sem impostos foi ainda mais atrativo. Durante algumas horas, consumidores encheram o tanque do carro pela metade do preço, pagando R$ 1,18 por litro.


O comediante do Casseta & Planeta, Marcelo Madureira, que é membro do Instituto Millenium e resolveu ajudar na campanha, atuou como frentista em um dos postos cariocas. E sem fazer piadas, explicou por que decidiu apoiar o evento: “Não somos contra o pagamento do imposto. Somos contra a criação de novos impostos que não se revertam para sociedade. Você continua tendo má educação, saúde ruim, estrada péssima”, disse em tom sério. “Esse debate é fundamental para aprimorar os serviços públicos do Brasil e discutir uma eventual redução da carga tributária”, acrescentou Paulo Uebel.


Para o diretor, a campanha atingiu seu objetivo ao provocar um grande impacto nacional. “Conscientizamos milhares de pessoas sobre o excesso de tributos e ainda conseguimos gerar uma saudável discussão sobre o tema entre os candidatos à presidência da República”, avaliou.