por Márcia Alves


 



O Brasil tem potencial para se tornar o terceiro maior produtor de etanol do mundo. Mas os desafios são grandes, tanto internamente, pela falta de regularidade na oferta, que acaba causando a variação de preços, quanto externamente, pelas barreiras protecionistas impostas ao combustível nacional por outros países.


Estas são algumas das conclusões do estudo “Biocombustíveis no Brasil: Etanol e Biodiesel”, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado no final de maio. Logo na primeira parte, o estudo demonstra que a situação atual de consumo e produção dos biocombustíveis é muito diferente do Proálcool, por conta do ambiente de livre mercado, da adesão de outros países aos biocombustíveis, da redefinição da matriz energética e do estímulo para transformação do etanol em commodity. O mais importante, porém, é o grande apelo ambiental envolvendo a busca por alternativas de energias renováveis.


Desafios


O estudo aponta que o mercado internacional de etanol apresenta potencial para crescer rapidamente nos próximos dez anos, podendo atingir 200 bilhões de litros. Mas, os grandes compradores, a União Europeia e os Estados Unidos, dificultam o acesso das vendas brasileiras, privilegiando a produção doméstica. Também é relevante o fato de que o país não depende de qualquer tipo de subsídio direto sobre a produção e a comercialização de etanol, diferentemente do que ocorre em outras nações.


Atualmente, um dos maiores desafios do etanol é a flutuação de preços, dependendo das variações da oferta e demanda. Porém, o governo tem atuado de forma direta no setor para promover o equilíbrio. Ações conjuntas, como a manutenção do preço da gasolina para que o etanol não seja inviabilizado, a garantia de mistura de 25% de álcool à gasolina e a manutenção de linhas de financiamento do BNDES, segundo o Ipea, incentivam os agricultores a apostarem na cana, deixando o etanol em boa posição para evitar um êxodo para a produção do açúcar.

A produção de etanol continua em crescimento. De acordo com o Ipea, o volume exportado cresceu de 516 milhões de litros em 2001-2002, para 4,7 bilhões de litros, na safra 2008-2009, de um total produzido próximo de 25 bilhões de litros de etanol nesta safra. Entretanto, o estudo conclui que o etanol necessita de um marco legal e regulação econômica. “Também se faz necessária uma clareza de que rumos e limites apresentam as opções como os carros movidos a óleo vegetal e/ou biodiesel, os quais seriam competidores com os carros a etanol”.