por Márcia Alves


No caixa de um posto de Maringá (PR), às 6h30 da manhã de um domingo de fevereiro deste ano, Danilo Ferreira mal teve tempo de esboçar qualquer reação a não ser entregar rapidamente o dinheiro ao assaltante diante da mira de um revólver. “O bandido chegou de moto e a ação não durou nem um minuto”, relata.


O caso de Maringá é apenas um exemplo de como os ladrões de postos estão cada vez mais ousados e ágeis. Prova disso está em um vídeo impressionante que circula na Internet, mostrando um assalto a posto ocorrido no início de agosto em Ceilândia (DF). Dois elementos invadiram o local e em exatos 30 segundos roubaram todo o dinheiro do caixa.


Curso “antiassalto”


O crescimento alarmante do número de assaltos aliado à incapacidade da polícia em conter esse tipo de crime tem gerado a mobilização de postos em algumas regiões do país. Em Maringá, por exemplo, a Associação dos Revendedores de Combustíveis (Arcomar) procurou a ajuda do 4º Batalhão da Polícia Militar para tentar proteger seus associados.


O resultado foi a criação do “Curso de Segurança em Postos de Combustíveis – Ações, procedimentos e atitudes”, aplicado pela primeira vez no mês de agosto para duas turmas de revendedores. O curso ensina desde o modus operandi dos criminosos até como proceder em assaltos e também como dificultar e reprimir esse tipo de crime. De acordo com o tenente-coronel Antonio Tadeu Rodrigues, presidente do Conselho de Segurança (Conseg), ainda não foi possível mensurar os resultados, porém, a intenção será manter e estender o curso a outros segmentos visados.


“Os postos são alvos fáceis, talvez pelo número reduzido de funcionários, ou porque o local de guarda de dinheiro seja próximo da parte externa, ou, ainda porque os bandidos saibam que os funcionários estão desarmados e dificilmente vão reagir. Além disso, hoje, o aumento do uso de drogas (mais fáceis e baratas, caso do violento crack), leva os usuários à ousadia de crimes de ação rápida”, diz o militar.


Assaltante de capacete


O oficial de Maringá confirma que boa parte dos crimes é praticada por motoqueiros usando capacete, o que dificulta a identificação. Tanto que em Montes Claros (MG), a entidade representante dos cerca de mil frentistas que atuam em 74 postos da cidade promoveu um abaixo-assinado e confeccionou panfletos para fazer aprovar na Câmara um projeto de lei que impeça o uso de capacetes nos postos.


Em São Paulo, a lei que proíbe o uso de capacetes em postos vigora em pelo menos 15 cidades. Mas em São José do Rio Preto, os revendedores reclamam que a obrigação de fiscalizar o cumprimento da lei ficou por conta deles, já que a Polícia Militar alega que não é o seu dever.


Em Campina Grande (PB), cidade que até abril deste ano contabilizava 40 homicídios relacionados a assaltos ao comércio, os postos de combustíveis e as farmácias que funcionam 24 horas ameaçam encerrar o expediente mais cedo devido à violência. O representante da revenda de combustíveis local afirmou que as denúncias feitas às autoridades policiais nunca tiveram resposta.


Rede de Proteção


Uma iniciativa que pode servir como exemplo a outras regiões está sendo aplicada em Uberaba (MG), onde os revendedores se juntaram à Polícia Militar para criar a “Rede de Comércio Protegido”. De acordo com o tenente-coronel João Lunardi, a rede envolve, de um lado, a ronda ostensiva das viaturas nas proximidades e no interior dos postos pelo máximo de tempo possível, e de outro, a colaboração mútua dos revendedores.


“Os postos estão interligados de forma que se um deles for assaltado, o funcionário entrará em contato com todos os postos daquela região para que já fiquem alerta e inclusive sabendo as características dos bandidos. A ideia é não dar espaço aos criminosos e sim mais proteção os proprietários dos postos”, disse.